Portugal é o país com maior área ardida da União Europeia pela segunda vez consecutiva

Portugal foi considerado o país que registou maior área ardida em 2018, de acordo com um relatório anual elaborado pela Comissão Europeia. O mesmo já tinha acontecido em 2017.

Portugal foi considerado o país que registou maior área ardida em 2018, de acordo com um relatório anual elaborado pelo Centro Comum de Investigação, o serviço interno para a ciência e o conhecimento da Comissão Europeia – que engloba os incêndios florestais na Europa, Médio Oriente e Norte de África relativos ao ano passadp. Apesar de, comparativamente ao ano de 2017, “a área total foi apenas uma pequena fração da superfície ardida” e “um dos totais mais baixos dos últimos dez anos”, o país volta a ficar em primeiro lugar entre os países europeus. 

O relatório concluiu também que nunca tantos países foram atingidos por incêndios como no ano de 2018.

Os incêndios florestais destruíram cerca de 178.000 hectares (ha) de florestas e terrenos na UE no ano passado, um número inferior a um sexto da área ardida no ano de 2017 e menor do que a média de longo prazo, no entanto, mais países foram expostos às chamas.

Já a Suécia enfrentou a pior época de incêndios em toda a história do país. A área total ardida foi superior a 21.605 ha, a segunda maior da UE, “uma posição invulgar na classificação para um país do norte”.

De acordo com o Sistema Europeu de Informação sobre Fogos Florestais, o maior número de incêndios florestais em áreas de mais de 30 ha, em Itália (147 incêndios, 14.649 ha ardidos), Espanha (104 incêndios, 12.793 ha ardidos), Portugal (86 incêndios, 37.357 ha ardidos), Reino-Unido (79 incêndios, 18.032 ha ardidos) e Suécia (74 incêndios, 21.605 ha ardidos).

Apesar de a área ardida total ter sido inferior à dos anos anteriores, as temperaturas acima da média mantiveram-se no centro e no norte da Europa durante a maior parte do verão, o que "criou condições que contribuíram para a ignição e a propagação de incêndios florestais, causando elevadas perdas económicas e ambientais”.

"As florestas representam um elemento essencial dos nossos esforços no combate à emergência climática e ecológica. São os nossos pulmões e suporte vital, cobrindo 80 % da biodiversidade da Terra. Mas hoje, mais do que nunca, as florestas enfrentam graves ameaças. A cada hora são perdidos 800 campos de futebol de área florestal e registam-se incêndios devastadores em todo o mundo. Como demonstrámos com a nossa recente ação no domínio da desflorestação, a UE está disposta a colaborar com os países parceiros para proteger as florestas, na UE e em todo o mundo, através de investimentos na prevenção de incêndios florestais”, declarou o comissário responsável pelo Ambiente, Karmenu Vella, em comunicado.

Também Tibor Navracsics, comissário da Educação, Cultura, Juventude e Desporto, responsável pelo Centro Comum de Investigação falou das alterações climáticas e de como estas estão a aumentar o risco global de incêndios florestais."Devemos reagir e intensificar os nossos esforços para tornar as florestas mais resistentes face a um clima mais quente e mais seco. Os elementos de prova fornecidos pelo Centro Comum de Investigação permitem que nos concentremos nas formas mais eficazes de prevenir os incêndios florestais, por forma a proteger as nossas florestas, elemento essencial na preservação da biodiversidade e da qualidade de vida dos cidadãos", disse.

O relatório menciona ainda o Mecanismo de Proteção Civil da UE, que foi ativado cinco vezes para combater os incêndios florestais em Portugal, na Suécia, na Grécia e na Letónia.

No verão, 15 aviões, 6 helicópteros e mais de 400 bombeiros foram mobilizados aos países afetados e financiados pela UE com 1,6 milhões de euros. Peritos em incêndios florestais de toda a UE foram enviados para Portugal, "numa missão de prevenção e preparação, a fim de ajudar a reforçar a capacidade do país para fazer face aos incêndios florestais"

Com o intuito de melhorar o Mecanismo de Proteção Civil, a UE lançou a rescEU para "melhorar a proteção dos cidadãos contra catástrofes e a gestão dos riscos emergentes na Europa e não só". No verão de 2019, foi criada uma frota de transição de aviões de combate a incêndios, que já foi acionada por duas vezes para lutar contra os incêndios florestais na Grécia e no Líbano. 

O relatório sublinha ainda que em 2019 a época de incêndios começou mais cedo, devido a condições secas e ventosas, e temperaturas elevadas. Em março deste ano, o número de incêndios já era superior à média de um ano inteiro na última década.