Militar acusado de matar outro com G-3 diz que colega se suicidou

Deisom Camará é suspeito de ter matado colega em 2018.

Deisom Camará, militar dos Comandos acusado de matar um colega com um espingarda G-3 no Quartel da Carregueira em setembro do ano passado, começou ontem a ser julgado no Tribunal de Sintra e negou o crime. O militar de 22 anos afirmou que a vítima pegou na arma e se suicidou.

Camará, que está em prisão preventiva em Tomar desde o dia 30 de novembro de 2018, contou ao coletivo de juízes a sua versão dos factos. Referiu que nesse dia – 21 de setembro de 2018 – estava de sentinela na casa da guarda de apoio ao paiol, no Regimento de Comandos, quando o seu colega, o soldado Luís Teles, apareceu, algo que causou surpresa.

Depois disso os dois tiveram à conversa durante “três ou quatro minutos”, durante os quais o soldado lhe terá desabafado estar “desanimado” por estar colocado na companhia de formação e que tinha sido excluído de participar numa nova missão na República Centro Africana (RCA).

Camará descreveu que, depois disso, o colega pegou na G-3, retirou o carregador e dirigiu-se lá fora, algo que considerou que se tratava apenas dos habituais procedimentos de segurança à espingarda. De seguida ouviu um tiro, deslocou-se ao exterior da casa e deparou-se com o colega no chão morto e com a arma a seu lado.

“Fiquei em choque, fiquei paralisado a ver aquilo. Chamei por ele, não respondeu. Estava inconsciente, mas ainda respirava”, descreveu o soldado. Paulo Almeida Cunha, presidente do coletivo de juízes, questionou Camará como era possível este ter disparado contra si mesmo sem o carregador na arma, ao que Camará explicou que o seu colega “tinha livre acesso às munições”: “Municiou diretamente na câmara e fez o disparo”. O julgamento prossegue dia 12 de dezembro com as declarações das primeiras testemunhas.