Ghosn diz não ter escapado à justiça: “Escapei à injustiça”

Ex-presidente da Nissan falou pela primeira vez depois de ter fugido do Japão e diz estar inocente.

Cerca de uma semana depois de ter fugido do Japão, onde aguardava julgamento em liberdade condicional, o ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn defendeu, em conferência de imprensa, estar inocente do crime de
 que é acusado: evasão fiscal. 

Ghosn garante estar inocente e diz que a situação em que se encontra foi delineada por “uma mão-cheia de executivos da Nissan”. “Apercebi-me de que a minha situação inimaginável nos últimos 14 meses é o resultado de uma mão-cheia de indivíduos sem escrúpulos e vingativos na Nissan”, acusou o ex-presidente da marca, acrescentando que tudo o que dizem sobre si não é verdade e que “nunca deveria ter sido detido”.

Aliás, Ghosn foi perentório nas suas palavras: “Não escapei à justiça, escapei à injustiça”. Na sua opinião, a ideia da Nissan foi vê-lo pelas costas: “Alguns dos nossos amigos japoneses acharam que a única forma de se livrarem da influência da Renault era livrarem-se de mim”, disse, em Beirute. 

Mas foi mais longe, acusando também a justiça japonesa. “O conluio entre a Nissan e os procuradores estava em todo o lado”. Recorde-se que Ghosn saiu do Japão numa fuga rocambolesca, escondendo-se na mala de um instrumento de uma banda musical. 

Pouco depois, o ministro da Justiça libanês, Albert Serhan, anunciou ter recebido um mandado internacional da Interpol com um aviso vermelho para deter Carlos Ghosn, que se terá refugiado no Líbano depois de ter fugido do Japão. No mesmo dia, as autoridades turcas detiveram vários suspeitos de ajudar Ghosn.

Ainda esta semana, a ministra da Justiça japonesa, Masako Mori, garantiu que serão tomadas “as medidas necessárias” para que o ex-presidente da Nissan seja julgado no país. “Não há justificação para a fuga de um réu que estava em liberdade sob fiança. É, de facto, lamentável, porque ignorou os procedimentos legais no nosso país, o que corresponde a um crime”, lamentou Masako Mori em conferência de imprensa. 

A fuga pode resultar em “regras mais restritas” nos serviços de imigração dos aeroportos, avançou ainda.

Também o Ministério Público do Japão garantiu estar a levar a cabo um inquérito interno sobre o caso.