Cervejeira angolana sabe do arresto pela imprensa

“No curto prazo a situação está normalizada e controlada, o que me preocupa é o médio prazo”, afirmou o presidente do conselho de administração da empresa. 

O administrador da Sodiba, uma das empresas de Isabel dos Santos arrestadas, afirmou ontem que, mais de um mês depois, só sabe daquela decisão pelo comunicado de imprensa e que a cervejeira apenas tem recursos para funcionar até março.

“No curto prazo a situação está normalizada e controlada, o que me preocupa é o médio prazo”, afirmou o presidente do conselho de administração da empresa. 

 Luís Correia falou ainda da sua proposta, aprovada pelos acionistas, de um plano de negócios dependente da injeção de 1.500 milhões de kwanzas (2,7 milhões de euros) no primeiro trimestre, essencialmente para compra de matéria-prima, travado pelo arresto anunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana em 30 de dezembro às empresas de Isabel dos Santos.

"Estes valores são essenciais para nos permitir o investimento em embalagens de vasilhame, grades e garrafas, pois o mercado angolano, fruto da falta de poder de compra, é um mercado cada vez mais de retornável, bem como, para pagamentos de responsabilidades vencidas a fornecedores e compra de matéria prima para dar continuidade ao negócio", explicou o administrador, português.

Só em janeiro, esse plano de negócios previa uma injeção de 600 milhões de kwanzas (1,1 milhão de euros) que não foi concretizada, com Luís Correia a recordar que com apenas três anos a empresa ainda não gera 'cash flow' suficiente para cumprir com todas as responsabilidades, o que só deverá acontecer em 2021. A isto, acrescenta, surgem as "responsabilidades" junto dos bancos financiadores, com prestações de juros que vencem, diz, no primeiro trimestre deste ano.

"Com o arresto dos bens dos últimos beneficiários da Sodiba e o congelamento das suas contas bancárias, a exequibilidade deste plano de negócios está em causa, bem como o cumprimento das responsabilidades junto dos bancos financiadores que estão muito preocupados com as potenciais imparidades e provisões que esta situação possa gerar", alertou.

Em dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, o congolês Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a empresária detém participações sociais, por alegados negócios privados que terão lesado o Estado angolano.