Casos de demência em Portugal vão mais que duplicar em 30 anos

Associação pede políticas para apoiar doentes e cuidadores.

Portugal está entre os países europeus onde a população diagnosticada com demências mais vai aumentar nas próximas décadas. Um novo relatório apresentado ontem pela Europe Alzheimer traça novas projeções até 2050 e estima que o país na altura terá mais do dobro dos casos, mesmo com a população a diminuir neste período. As estimativas apontam para que atualmente (dados de 2018) existam 193 516 doentes com demência a nível nacional, mesmo que não estejam ainda todos diagnosticados. Dentro de três décadas serão perto de 347 mil, com a incidência a passar de 1,88% para 3,82% da população.

O envelhecimento acelerado da população portuguesa explica o cenário: o risco de demência aumenta com a idade e entre 2018 e 2050 o número de portugueses com mais de 85 anos vai duplicar. Portugal já é hoje dos países europeus com mais casos, só atrás de Itália e Grécia. Em 2050, será ultrapassado pela Espanha, mas os quatro países terão uma realidade social muito mais complexa e uma incidência destas doenças cada vez mais afastada da média europeia, que na altura deverá rondar os 3,24% da população. Em Itália, já terá passado a barreira dos 4%. Para Rosário Zincke dos Reis, da Alzheimer Portugal, os dados são alarmantes. Em comunicado, a associação deixou o apelo para que não se perca tempo na criação e implementação de políticas para as pessoas com demência e seus cuidadores. “Estas políticas terão, naturalmente, que incluir forte aposta na prevenção”, defendeu a responsável. A prática de exercício físico e a prevenção e controlo da hipertensão e diabetes são algumas das recomendações da Organização Mundial de Saúde para reduzir o risco de demência e declínio cognitivo.