Um cruzeiro com perto de duas mil pessoas atracou nas últimas horas em Cádiz, Espanha, de forma excecional, tendo os passageiros seguido em 50 autocarros até à capital portuguesa.
Segundo a imprensa local, o desembarque aconteceu antes das 23h (hora portuguesa) e no total foram 1888 as pessoas que viajaram até Lisboa.
Recorde-se que a situação acontece após as normas aprovadas na quinta feira pelo governo espanhol.
“Foi uma exceção à ordem aprovada pelo Conselho de Ministros na última quinta-feira que proibiu que navios de cruzeiro atraquem em qualquer porto do país até 26 de março", explicou ontem a Autoridade Portuária de Cádiz, citada por jornais de Cádiz, salientanto que no novo pacote de regras previa-se “um período de transição até as 00h deste domingo (15)”. Durante esse período, Espanha permitia a “entrada nos portos espanhóis com o único objetivo de desembarque por parte de cidadãos que assim o desejasseem e que não pudessem seguir viagem daquela forma".
Não é, porém, explicado o porquê de os passageiros terem sido desviados para Lisboa, nem tampouco se à chegada a território nacional foram alvo de algum controlo.
Tal como o i e o SOL noticiaram ontem, esta não é uma exceção. Com o aperto das regras em Espanha, Portugal terá recebido, pelo menos, um voo que não pôde aterrar naquele país. A denúncia foi feita pelo Sindicato Trabalhadores Transportes Área Metropolitana do Porto (STTAMP), que não exclui a hipótese de avançar para uma greve nos próximos dias por considerar que os trabalhadores não têm condições para exercer as suas funções em segurança.
“Parece-nos tudo um exercício de tecnocracia puro e duro”. Segundo disse Leandro Silva, do sindicato, os trabalhadores não se sentem protegidos com as medidas já tomadas, lembrando que há áreas onde as luvas e as máscaras são desaconselhadas e lembrando que tal como em Lisboa houve já falta de desinfetante em algumas situações.
Ainda sobre a falta de segurança, o STTAMP chamou a atenção para o perigo de Portugal poder ser nestes dias uma espécie de porta de entrada para aviões recusados por países como Espanha: “Fomos informados de que no Porto não terá havido voos desviados de Espanha, mas segundo tivemos conhecimento isso aconteceu no aeroporto de Lisboa, com um voo da AirChina, que usualmente não é assistido em Lisboa, mas que não terá podido voar para Espanha”, disse ao i e ao SOL o STTAMP.