O ativista e escritor russo Eduard Limonov morreu na passa terça-feira aos 77 anos, vítima de doença oncológica, num hospital em Moscovo. A notícia da morte foi dada pela Outra Rússia, uma coligação de partidos de oposição por ele fundada.
O autor de História de um Poeta Mordomo, publicado em entre nós em 1991, pela Difel, era dono de uma personalidade cheia de arrebiques e, no campo político, era conhecido pelas suas acintosas críticas ao capitalismo e a insistência com que pedia a demissão de Vladimir Putin. Curiosamente, o escritor tornou-se mais amplamente conhecido como personagem, depois de o escritor francês Emmanuel Carrère, inspirado pelos trilhos belicosos da sua vida – Limonov exilou-se enquanto poeta dissidente nos EUA e em França nas décadas de 70 e 90 – o tornou no protagonista de um romance. A biografia, chamada precisamente Limonov, foi editada em Portugal em 2012, com o selo da Sextante Editora.
Nascido na Ucrânia, filho de um funcionário de baixo escalão dos serviços secretos, Edward Savenko acabou por escolher um apelido que, acreditava, melhor servia as suas pretensões culturais e políticas. Limonov surgiu então, como conta Carrère, da junção de ‘limon’, o fruto amargo, e ‘limonka’, que na gíria significa um certo tipo de granada. Logo na juventude, criou revistas literárias, fez-se notar e viria a tornar-se um ídolo underground da era de Brejnev, como nos diz Carrère. Em 1974, chega como poeta dissidente a Nova Iorque. Em 1979 publicou, primeiro em França, o livro que atingiria maior sucesso: It’s Me, Eddie, um romance autobiográfico que por terras francesas foi dado ao prelo com o sugestivo nome de Le poète russe prefere les grands nègres.
Depois do exílio em França, regressou à Rússia nos anos Yeltsin, e foi então que fundou o seu partido.
Por publicar, deixa uma obra que já terá editora, como o próprio tinha veiculado na semana anterior à sua morte nas redes sociais.