Mais de 750 profissionais de saúde infetados

Graça Freitas confirma que 14% dos casos confirmados dizem respeito a estes profissionais.

Mais de 750 profissionais de saúde infetados

A diretora-geral de saúde, Graça Freitas, respondeu este sábado à pergunta do jornal i, na conferência de imprensa das autoridades de saúde, sobre o número de médicos que já terão sido infetados pelo novo coronavírus.

A responsável preferiu não especificar e a sua resposta reflete o conjunto de profissionais de saúde, que inclui médicos, enfermeiros e auxiliares. “764 profissionais de saúde acusaram positivo para covid-19”, desde o início do surto em Portugal, adiantou Graça Freitas. O número representa mais de 14% dos casos confirmados, que, segundo o boletim, são já 5170, dos quais 100 pessoas morreram.

A diretora-geral sublinhou que desse total não se sabe quantos estarão ainda com o diagnóstico de covid-19, porque “os primeiros casos já podem ter tidos dois testes negativos”, o que significaria que podiam ser considerados como recuperados.

 

Pico da doença só lá para o final de maio

Já nas últimas conferência de imprensa, as autoridades de saúde tinham ‘adiado’ o pico da incidência do vírus no país para meados de maio, quando inicialmente tinha sido previsto em abril. Hoje, a previsão foi repetida quer pela ministra da Saúde quer pela diretora-geral.

“Não se sabe se pico é na primeira ou na última semana de maio, projeções são atualizadas ao dia, disse Graça Freitas. "São projeções feitas para efeitos de planeamento”, sublinhou, acrescentando: “Não nos parece que seja útil especificá-las, até porque causa expectativas sobre se lá chegamos ou não", acrescentou.

A responsável lembrou ainda que a estimativa dos académicos é sempre superior à divulgada, porque há casos de contactos de infetados que não foram ainda diagnosticados.

Para Graça Freitas, as medidas de contenção, como o encerramento de escolas, estão a abrandar a curva epidémica. "O que nós já prevemos é que o pico não vai um dia apenas, mas um planalto com casos mais ou menos semelhantes durante vários dias", voltou a reforçar Graça Freitas.

Já Marta Temido admitiu que irá haver uma incidência de casos maior nos próximos dias, insistindo que é preciso manter as medidas de contenção dos portugueses e deixou um apelo: “Hoje é sábado e está sol, mas não é um dia comum. Temos de viver esta Primavera e Páscoa de forma diferente. Não vamos poder estar juntos, mas isso é essencial para que possamos estar juntos em breve”.

 

40 mil testes entre 1 e 26 de março

Questionada sobre o número de testes realizados, a ministra adiantou que tinham sido realizados 40 mil testes entre os dias 1 e 26 de março, acrescentando que este número vai aumentar.

 “O número de testes é superior ao número de casos suspeitos, porque um doente pode realizar vários testes, até para aferir se já está recuperado. Por outro lado, sobre os óbitos, o teste não é garantia de que o óbito não vá acontecer. O teste é importante para diagnóstico clínico e é um instrumento para sabermos o que fazer em cada caso. Apenas isso”, sublinhou, garantindo que as autoridades estão a trabalhar no sentido de ter a informação mais fiável a esse respeito.

A ministra foi ainda questionada sobre o o alegado parecer da Ordem dos médicos sobre a gestão dos cuidados intensivos, que a exemplo de Espanha e Itália daria recomendações aos profissionais de saúde sobre quem tratar, num caso de falta grave de recursos técnicos e humanos.

“Trata-se de uma decisão clínica, os profissionais são preparados pelas suas Ordens e para responder àquilo que são as dificuldades do seu exercício profissional em qualquer momento, numa situação covid-19 ou não", respondeu. E acrescentou que qualquer gestão “deste processo que passe por qualquer forma de estigmatização das pessoas não nos parece a forma mais adequada para atuar”.

 

Doentes ‘não-covid’

Marta Temido mostrou-se ainda preocupada com os doentes for a do cenário de coronavírus, que continuam a existir em plena epidemia. O maior fator de “apreensão” da ministra prende-se com um possível atraso no tratamento destes pacientes.

“Nem só de covid funciona o SNS. Desde o início de março, a procura dos serviços de urgência diminuiu 30%. Há duas semanas, caiu 60%”, afirmou. “Temos a perceção de que muita da procura que não aconteceu poderá corresponder a situações que encontraram respostas por vias alternativas, como chamadas telefónicas ou cuidados de saúde primários”, mas, também “podem ser doentes a retardar a procura de cuidados. E com isso estamos preocupados. Estamos a monitorizar esses casos, para podermos enviá-los para hospitais limpos".