Decorreram em média oito dias entre primeiros sintomas e óbito. Equipa médica decide se pai pode assistir ao parto com mãe infetada

Entre as várias informações dadas pelas autoridades de Saúde desta sexta-feira, destaca-se que Portugal espera receber 24 milhões de máscaras cirúrgicas até final de abril e 1,8 milhões de máscaras FFP2 até final de maio. Além desta aquisição no mercado externo, o secretário de Estado diz que o país conta agora com a produção interna.

Já morreram 246 pessoas em Portugal devido à covid-19, 37 foram registadas nas últimas 24 horas, um novo máximo diário no país. Na conferência de imprensa, desta sexta-feira, o secretário de Estado da Saúde, António Sales, revelou que a letalidade global nas faixas etárias mais avançadas, com 70 ou mais anos, ultrapassa agora os 10%.

"A letalidade global é de 2,5% e letalidade acima dos 70 de 10,2%. Estamos no mês mais crítico desta pandemia", disse, lembrando que agora não podemos baixar os braços e que "a maior prova da nossa união é o nosso isolamento".

Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, revelou alguns dados sobre os óbitos registados em Portugal.

"A mediana nas mulheres é 85 anos e 80 anos nos homens", disse Graça Freitas, acrescentando ainda que entre os primeiros sintomas da doença até à morte decorreram, em média, oito dias.

Segundo a responsável, a maioria das vítimas mortais tinha três doenças anteriores, as mais frequentes são doenças cardiocirculatórias, diabetes, doença renal crónica, neoplasias, cerebrovasculares ou respiratórias.

"Não é nenhuma fatalidade ser idoso e ter doenças", disse, garantindo, no entanto, que a taxa está abaixo dos 10%.

Na mesma conferência, António Sales revelou que Portugal espera receber 24 milhões de máscaras cirúrgicas até final de abril e 1,8 milhões de máscaras FFP2 até final de maio. Além desta aquisição do mercado externo, o secretário de Estado diz que o país conta agora com a produção interna. Esta produção nacional pode guiar-se por um catálogo publicado online, sendo depois avaliada pela ASAE e autoridades de saúde. Há 100 empresas em Portugal inscritas para produzir material médico de reforço na luta contra a covid-19. Uma questão que levou a que Graça Freitas fosse novamente confrontada sobre a generalização do uso de máscaras de proteção.

A responsável reiterou que Portugal está desde o início a alinhar com as orientações que "a OMS, do Centro Europeu de Controlo de Doenças e a literatura científica indicavam". "Sempre dissemos que se houvesse evidências novas, agiríamos", disse. “Se as máscaras forem recomendadas não se pode deixar para segundo plano a contenção social”, alertou.

O secretário de Estado da Saúde adiantou ainda que está a ser dada formação médica aos profissionais de saúde que precisem de substituir os colegas que adoeçam. De acordo com Sales, a "maioria" dos substitutos "tem ou já teve experiência em cuidados intensivos", nomeadamente anestesistas, pneumologistas e médicos de Medicina Interna.

Quanto às dúvidas expostas sobre o acompanhamento na gravidez, a diretora-geral da Saúde afirmou que as grávidas são acompanhadas ao longo da gravidez, presencialmente ou à distância e, na altura do parto, ou término da gravidez "deve ser feito um teste" à covid-19.

"Não podemos deixar que a situação prejudique o seguimento de grávidas", disse.

A decisão para que o pai assista ao parto, deve ter tomada pela equipa médica, em função do risco ou do espaço disponível.

"Na altura em que vai ocorrer o parto ou no final da gravidez, deve ser feito um teste. Se a mulher for positiva, será a equipa médica a decidir se o pai poderá assistir ao parto. O que não queremos é uma criança com ambos os pais positivos", disse Graça Freitas.

Já sobre a situação dos lares, a responsável explicou que "todos os novos utentes de lares têm de fazer um teste e, mesmo que dê negativo, devem ficar em quarentena".

"Ao mínimo sinal de sintoma, primeiro isolar, isolar, isolar e depois testar, testar, testar", disse, explicando ainda que nos lares há uma separação que deve ser feita e os doentes mais graves irão para o hospital. "Tem havido orientações e imensas reuniões entre o setor da saúde a nível social e a nível nacional", garantiu.

O secretário de Estado da Saúde revelou ainda que a linha SNS24 recebeu mais de 19 mil chamadas na quinta-feira, com tempo médio de espera de 5 minutos e 52 segundos. 

“Tem havido uma melhoria contínua na linha SNS24. Ontem [quinta-feira] foram recebidas 19.263 chamadas, atendidas 15.420, em números únicos 10.982, com tempo médio de espera de 5 minutos e 52 segundos. A linha Trace Covid tem um total acumulado de profissionais de 71.690 e de utentes de 54.787, sendo dos quais 28.157 em vigilância ativa. Isto para dizer que tem havido uma melhor exponencial da linha SNS 24”, concluiu.