“A pressão sobre o internamento hospitalar está a crescer”, assume Marta Temido

Mais de 180 óbitos são pessoas com mais de 80 anos, acrescenta ainda a ministra da Saúde.

“A pressão sobre o internamento hospitalar está a crescer”, assume Marta Temido

A ministra da Saúde, Marta Temido, fez, este domingo, o balanço diário da DGS sobre a covid-19. Até ao momento há 11.278 casos confirmados do novo coronavírus em Portugal e 295 vítimas mortais. Nas últimas 24 horas, morreram 29 pessoas infetadas com covid-19, o que representa uma taxa de letalidade de 2,6% no país. Em pessoas com mais de 70 anos, esta taxa é de 10,6%, afirma Marta Temido. Mais de 180 óbitos são pessoas com mais de 80 anos, acrescenta ainda a ministra da Saúde.

O balanço revela que 87,1% dos doentes confirmados encontram-se em casa e 9,6% estão internados. Dos casos internados, 1084 estão em hospital, 267 em unidades de cuidados intensivos. "A pressão sobre o internamento hospitalar está a crescer", assume Marta Temido, afirmando que foi necessário pensar em soluções para aliviar o SNS.

No início de março, existiam 1142 ventiladores para apoio a doentes covid-19. Com o intuito de reforçar os ventiladores no SNS, dois projetos foram iniciados. A equipa de João Gouveia coordena a comissão de acompanhamento da resposta da medicina intensiva à covid-19 e, com o apoio de outros técnicos, vários ventiladores que não estavam a ser usados foram recuperados foram testados e estão a ser utilizados pelo SNS, anuncia a ministra da Saúde.

A equipa da Administração Central do Sistema de Saúde tem também acompanhado um processo de identificação de fornecedores de novos equipamentos, prazos de entregas, encomendas, organização de transporte e de pagamentos. De acordo com a entidade, até à data de ontem, foram comprados 1151 ventiladores, 247 foram doados e 140 ventiladores foram emprestados.

No total, o SNS tem agora assegurados mais 1538 aparelhos, mais do que duplicando a capacidade inicial de 1142 ventiladores. No voo que chegou este domingo a Lisboa, proveniente de Pequim, chegaram 144 destes aparelhos, entre unidades compradas e doadas. Chegaram ainda 280 monitores, para utilização em unidades de cuidados intensivos. A compra destes materiais corresponde a compras da administração Central de Saúde, doações de entidades privadas e de câmaras municipais.

Estes equipamentos vão ser distribuídos consoante as necessidades manifestadas por diversos hospitais, a capacidade de aumento de camas na unidade hospitalar.

Marta Temido volta a sublinhar que o internamento deve estar a reservado a pacientes que estejam em estado grave e necessitem de resposta hospitalar. "É importante que o sistema seja utilizado de forma eficiente, reservando as respostas hospitalares para os casos que efetivamente deles precisam", apela a ministra da Saúde. 

Neste momento há 1332 profissionais de saúde infetados com covid-19, confirmou a ministra da Saúde Marta Temido. 231 são médicos, 339 são enfermeiros e 762 são outros profissionais. Questionada pelo i sobre se está a ser equacionado um subsídio de risco para profissionais de saúde, a ministra da Saúde respondeu que neste momento as regras têm sido alteradas para uma proteção da generalidade dos trabalhadores no contexto de emergência. Marta Temido fechou a porta à questão, mas salientou que é preciso ter em conta os recursos do país. "Continuaremos a acompanhar a evolução da situação com o que seja a resposta adequada às necessidades e às possibilidades que temos enquanto coletividade e país."

Sobre a capacidade de testes do SNS, visto existirem pessoas com testes marcados para depois do dia 20 de abril, Marta Temido assume que com o aumento do número de testes, que chegaram ontem ao país e estão a ser este domingo distribuídos pelas unidades hospitalares, o país ficará "numa situação confortável e estabilizada à medida que as entregas regionais aconteçam". 

 

A ministra da Saúde diz ainda que está a ser articulado com os laboratórios privados uma forma de poder melhorar o "cumprimento das respostas rápidas" e sublinha que houve avarias de alguns equipamentos em alguns pontos do país, o que também tem dificultado a resposta. 

Tendo em conta o adiamento de várias cirurgias, algumas urgentes, nomeadamente na área da oncologia, Marta Temido garante que os casos prioritários continuam a ter a resposta adequada e que as situações urgentes continuam a ter seguimento.