DGS faz apelo sobre vacinação. 200 empresas disponibilizaram-se para produzir máscaras sociais

António Sales anunciou ainda que o Infarmed publicou esta terça-feira as especificações técnicas para produção de máscaras de utilização comunitária. Graça Freitas apela para que seja cumprido o Plano Nacional de Vacinação.

Depois de o secretário de Estado da Saúde, António Sales, revelar que já foram realizados mais de 190 mil testes de despiste à covid-19 desde o dia 1 de março e que em média têm estado a ser realizados 10 mil testes por dia, a conferência de imprensa desta terça-feira ficou marcada pelo apelo da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, para que se continue a cumprir o Plano Nacional de Vacinação de forma a evitar novos surtos além do novo coronavírus.

"Já temos uma epidemia. A última coisa que queremos é outro surto de uma doença infecciosa", lembrou Graça Freitas. “Recomendamos vivamente a vacinação para 11 doenças nos 12 primeiros meses de vida. Grávidas devem vacinar-se contra a tosse convulsa para proteger os seus bebés durante as 28 primeiras semanas de gestação. Doentes crónicos também se devem vacinar se tiverem vacinas em atraso. Se deixarmos de nos vacinarmos, podemos ter outro tipo de surtos que não o covid-19”, lembrou, sublinhado a importância da vacinação contra o sarampo, a papeira e a rubéola.

Questionada sobre o facto de nos boletins não constarem determinados casos já reportados por alguns concelhos, Graça Freitas referiu que as autoridades de saúde só podem reportar os números que são “transmitidos de casos confirmados” e explicou como é feito esse processo.

“Há várias fontes possíveis de dados. Para efeitos de boletim, é uma declaração médica numa plataforma. Apelo a todos os médicos para que o façam o mais precocemente possível para termos os números mais certos. Outra fonte são os dados laboratoriais. Os óbitos vêm de outra fonte, porque toda a gente que morre em Portugal tem certificado de óbito. Além destas, ainda temos outros métodos que nos dão os números de internados. Dependemos da quantidade de dados mas também do seu dinamismo", disse.

"Quando descemos a nível da região ou do concelho. O primeiro local de residência é o que consta no registo nacional de utentes. Porém, o médico pode declarar que o caso ocorreu noutro sítio. Se uma pessoa do Norte que tivesse ido ao Algarve e tivesse adoecido lá, pode ficar registado no Algarve. E ainda há pessoas que estão em trânsito entre várias regiões. É normal que cada freguesia ou cada concelho tenha informação mais pormenorizada. Isto explica as diferenças que há. A nível nacional podemos dar uma visão menos precisa e mais macro. A nível local é possível haver maior rigor. Não vale a pena criar disfunções por problemas nos dados", apelou.

Também a oscilação no número de doentes nos Cuidados Intensivos esteve em cima da mesa, algo que levou o secretário de Estado da Saúde a admitir que haja um ajuste de números diários “porque a capacidade dos serviços de UCI do SNS é expressiva e dinâmica”.

“O número de doentes em UCI tem oscilado: ontem diminuiu, hoje subiu. Ontem tínhamos taxa de ocupação de 61%, o que queria dizer que estavam abertas 39%. É uma vitória de todos os portugueses sempre que tiramos alguém das UCI", disse António Sales, que pediu ainda aos portugueses para confiarem no SNS, onde os serviços foram adaptados para garantir que está a ser dada resposta para doentes covid e não covid.

Ainda sobre números, Graça Freitas adiantou um que um terço dos 567 óbitos registados em Portugal ocorreu em população que se encontra em instituições e relembrou que os lares têm características especiais, porque têm pessoas vulneráveis, e uma grande densidade de pessoas. “Quando Portugal entrou em disseminação do vírus, foram proibidas as visitas aos lares e essa proibição não está a ser cumprida. Cada novo utente devia fazer um teste negativo e ficar 14 dias em isolamento, o que não está a ser cumprido", revelou, apelando para que sejam cumpridas todas as recomendações.

Já sobre o facto de a região Norte do país ter ultrapassado esta terça-feira os 10 mil infetados, contabilizando 59% dos casos nacionais, Graça Freitas explicou esse maior foco epidémico têm muito a ver "com a quantidade de casos iniciais".

"Soubemos desde o primeiro dia que foi na região Norte que existiu uma grande concentração de casos importados", disse. “Foi uma coincidência haver muita gente da região Norte a deslocar-se à Lombardia na altura em que o surto se começou a propagar, no final de fevereiro. Depois iniciaram-se as cadeias de transmissão”, acrescentou, voltando a reiterar que o reforço de medidas locais resulta sempre de uma avaliação sanitária feita pelas autoridades de saúde em articulação com as Comissões Municipais da Proteção Civil locais.

António Sales anunciou ainda que o Infarmed publicou esta terça-feira as especificações técnicas para produção de máscaras de utilização comunitária, a serem utilizadas pelos cidadãos em espaços públicos fechados. Segundo o secretário de Estado da Saúde, mais de 200 empresas nacionais já se disponibilizaram para avançar com a produção destas máscaras.

Na mesma conferência de impressa Rui Ivo, do Infarmed, esclareceu que a regra divulgada esta terça-feira concentrou os esforços da ASAE, Infarmed, DGS e peritos das escolas médicas e que as pessoas vão poder "muito em breve" adquirir máscaras sociais em locais de compra. Segundo o responsável "há vários tecidos que podem ser utilizados em máscaras, como algodão e poliéster ou uma mistura de ambos”.