A Estratégia Digital da Comissão Europeia (2018) apresenta a visão da transformação digital focada no utilizador e orientada para os dados administrativos, apresentando uma nova geração de soluções, digitalmente confiáveis, que apoiam políticas e atividades, aumentando a eficiência, a eficácia e transparência e a segurança. Atualmente, o uso de tecnologias digitais está integrado nas estratégias de modernização, com o objetivo da criação de valor nos setores públicos e privados, reforçando a produção e o acesso a dados, serviços e conteúdos. Esta estratégia não está apenas centrada nos dados e na tecnologia, mas também na população e no desenvolvimento de ferramentas, adicionando valor ao trabalho e aos produtos.
No que respeita a Portugal, salienta-se o regime jurídico do ensino superior ministrado à distância (DL n.o 133/2019, de 3 de setembro) e o programa Portugal Digital, apresentado em março de 2020, constando no plano de ação três pilares:
I – Capacitação e inclusão digital das pessoas;
II – Transformação digital do tecido empresarial;
III – Digitalização do Estado. De salientar que o pilar II tem com ponto base a ‘Transferência de conhecimento científico e tecnológico e para a economia’.
Se, nos últimos 70 anos, o ensino superior esteve essencialmente relacionado com universidades tradicionais, atualmente, o quadro é completamente diferente. Estamos numa fase inicial da transformação digital generalizada do ensino superior e, em particular, no que respeita à lecionação de formação conferente de grau. Hoje, as instituições de ensino superior são mais diversificadas e próximas de um modelo de negócios caracterizado pela oferta e pela procura, servindo amplos segmentos da sociedade.
O número de estudantes, a nível global, tem crescido de modo exponencial e, segundo estimativas do Instituto de Estatística da UNESCO, em 1970, a nível mundial, existiriam cerca de 32,5 milhões de estudantes, tendo aumentado para 178 milhões em 2010 e prevendo-se que, em 2025, atinja os 263 milhões. Com este aumento do número de estudantes a nível mundial, as instituições de ensino superior terão de desenvolver novas estratégias de atração e captação de estudantes, sendo desafiadas a desenvolver novas metodologias e práticas de ensino que permitam assegurar os padrões de qualidade estabelecidos mas, ao mesmo tempo, possibilitem a formação em qualquer contexto sociogeográfico. Desta forma, a transformação digital do ensino superior será um complemento relevante para a atratividade e captação de novos estudantes, constituindo uma alternativa credível ao ensino tradicional.
Joaquim Pais Barbosa
Vice-reitor da Universidade Lusófona do Porto