Quebra de rendimentos devido à covid-19 é maior em famílias entre 35 e 44 anos

Metade das famílias ‘aguentam’ três meses e meio das despesas. Agregados com rendimentos mais baixos só conseguem financiar um mês.

Quebra de rendimentos devido à covid-19 é maior em famílias entre 35 e 44 anos

Um estudo do Banco de Portugal (BdP) conclui que as famílias com elementos com idades entre os 35 e 44 anos são as mais afetadas pela queda dos rendimentos.

O impacto negativo no rendimento disponível é assim mais acentuado nas famílias com rendimento mais elevado e nas famílias de escalões etários mais jovens, sobretudo nas famílias entre 35 e 44 anos. O estudo refere uma quebra de 9,8% do rendimento disponível e 10,9% do rendimento do trabalho.

As conclusões apontam ainda que o impacto é maior quanto mais alto era o rendimento prévio à pandemia. No grupo de 20% de famílias com rendimento mais baixo o rendimento disponível médio reduziu-se 2,4%, enquanto no grupo de 10% das famílias com rendimento mais elevado a redução do rendimento foi de 7,8%.

A justificação para esta diferença, segundo o regulador, prende-se com o facto de tanto o rendimento do 'lay-off' como o apoio aos trabalhadores independentes terem um teto máximo.

Além de que, refere ainda o BdP, nas famílias com rendimento mais baixo existe um "menor peso do rendimento do trabalho”, para quem tem “uma maior importância as pensões de reforma e outras transferências públicas", como apoios sociais.

Por outro lado, se apenas for considerado o rendimento do trabalho, as famílias com menor rendimento têm uma redução ligeiramente mais acentuada do que a média, pelo que se conclui que os elementos desse agregado trabalhem, na maioria, "em setores mais afetados pela pandemia ou em segmentos que não beneficiam das medidas de apoio ao rendimento".

O estudo do Banco de Portugal avaliou também a capacidade de financiamento das famílias neste contexto de crise devido à pandemia.

“Metade das famílias podem financiar no máximo três meses e meio das despesas associadas a consumo de bens não duradouros e serviços e a encargos com dívida e rendas na ausência de qualquer rendimento", lê-se no boletim.

Já as famílias de rendimentos mais baixos conseguem apenas "pagar pouco mais de um mês de despesas recorrendo a riqueza disponível no curto prazo", enquanto "com rendimentos mais elevado as famílias dispõem de recursos suficientes para financiar mais de um ano de despesas na ausência de rendimento".