Atuações gratuitas nas redes sociais e nas varandas? “Não pode ser, temos de terminar com isso”, defende ministra

Graça Fonseca defende que o orçamento disponibilizado para a cultura “será sempre insuficiente” face às necessidades do setor.

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, esteve esta sexta-feira à conversa com Manuel Luís Goucha, na TVI, sobre os trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos no setor das artes, um dos mais prejudicados devido à pandemia de covid-19.

Graça Fonseca defende que o orçamento disponibilizado para a cultura “será sempre insuficiente” face às necessidades do setor e, por isso, considera que é essencial uma ligação entre a cultura e a economia, com soluções imaginadas em conjunto. A ministra garante ainda que todos os portugueses terão acesso a atividades culturais.

"Vai ser um verão muito atípico. Não vamos ter muito turismo externo, para não dizer que não vamos ter praticamente nenhum. Temos de reinventar a programação cultural em todo o país, porque é fundamental para a normalidade da vida das pessoas. É isso que nos dá confiança para voltarmos a sair", disse.

"A cultura é um motor fundamental para a economia, para a coesão territorial e para o bem-estar de cada um de nós", acrescentou, realçando que o tempo de isolamento fez com que muitos pudessem perceber o verdadeiro valor da cultura.

A ministra realçou que, ao longo dos últimos dois meses, teve uma “batalha”, da qual destaca o facto de garantir, “sempre, que todas as medidas aprovadas pela área da Segurança Social, da Economia, das Finanças, tivessem sempre normas flexíveis para que todos os artistas, técnicos, trabalhadores independentes desta área estivessem sempre abrangidos. Foi uma batalha conseguida. Os apoios sociais são elegíveis a pessoas que descontaram três meses, ou seis meses interpolados, e esta semana em Conselho de Ministros foi alargado para quem não tenha feito descontos ao longo dos últimos 12 meses", destacou.

"Do lado da economia, em tudo o que são linhas de apoio batalhamos para que as cooperativas e as associações fossem elegíveis, porque estes setores da cultura têm uma dimensão de instabilidade e precariedade”, disse.

A governante admitiu que não há condições para que os festivais de verão se realizem e admite que o mesmo poderá acontecer em relação a festas de menor dimensão, como romarias. "Foi determinado que iriam ser definidas condições entre a Cultura e a DGS de quais são os que poderão ser realizados", informou, acrescentando que, a partir de junho, irão ser definidas regras para que possam acontecer eventos culturais, quer dentro de auditórios, quer ao ar livre.

Durante a conversa, Manuel Luís Goucha fez questão de elogiar o trabalho que alguns artistas desenvolveram, ao atuar, de forma gratuita, nas varandas ou nas redes sociais. Contudo, a ministra não mostrou estar de acordo com a continuidade deste tipo de espetáculo, caso não haja remuneração. "Não pode ser gratuitamente, temos de terminar com isso. Não há nenhuma razão para que o trabalho dos artistas não seja remunerado", considerou, acrescentando que é necessário trabalhar na questão para que os artistas sejam sempre pagos, atuando, ou não, virtualmente.

A ministra diz ainda que irá fazer um roteiro para acompanhar a reabertura da cultura em todo o país. "Quero acompanhar presencialmente a reabertura progressiva da cultura", rematou.