Covid-19 leva Novo Banco a precisar de mais dinheiro

Presidente executivo do Novo Banco justifica a necessidade com os impactos da pandemia, que alteram a estimativa entregue ao Fundo de Resolução.

O presidente executivo do Novo Banco admitiu que a instituição financeira vai precisar de mais capital do que estava previsto para este ano, o que altera a estimativa já entregue ao Fundo de Resolução. António Ramalho justifica esta necessidade com os impactos da pandemia de covid-19.

“No início de cada ano fazemos sempre uma previsão e entregamos essa previsão ao Fundo de Resolução. Naturalmente, a diferença é entre a previsão que fizemos antes da covid e a que faremos depois da covid”, defendeu António Ramalho, em entrevista ao Negócios e à Antena 1.

No entanto, o banco esclareceu este domingo que só deverá recorrer ao capital do fundo de resolução em 2021. “O Novo Banco esclarece e sublinha que qualquer eventual nova chamada de capital referente a necessidades de 2020, de acordo com o atual modelo, será feita em 2021, após aprovação das contas auditadas, após parecer da Comissão de Acompanhamento e verificadas com agente independente”.

Face às previsões pós-pandemia que António Ramalho explica que “a deterioração da situação económica” prevê que o Novo Banco vá precisar de “necessidades de capital ligeiramente suplementares” às que já estavam previstas.

Estas declarações surgem depois de o presidente do Novo Banco ter dito que, possivelmente, não seria necessário recorrer aos 3,9 mil milhões de garantia pública. 

No entanto, para já, as contas ainda não são certas e não foram avançados valores. “Tenho sido sempre cauteloso em não antecipar qualquer número. Acontece, basicamente, que houve uma deterioração da situação económica e é previsível que, no nível de cenário que temos hoje, ela nos vá levar a necessidades de capital ligeiramente suplementares em relação às que existiam”, explicou na entrevista.

O responsável relembrou ainda a proteção de capital. “Temos uma proteção de capital aos 12%, uma proteção de capital contratualizada,  temos de esperar até ao fim do ano para saber esse valor”, disse.

António Ramalho lembra que haverá uma nova avaliação ainda este mês, mas só no final do ano será possível saber quanto é que o Novo Banco vai gastar dos 912 milhões disponíveis no Mecanismo de Capital Contingente.

Ainda assim, o presidente do banco admite que o capital necessário será “maior” do que aquele que era esperado antes da pandemia. Apesar de admitir querer gastar o “menos possível”, o objetivo é que o Novo Banco termine 2020 a usar “aquilo que for necessário para deixar o banco limpo no final de 2020”.

Taxa sobre a banca deve ser “repartida” O Programa de Estabilização Económica e Social, publicado em Diário da República na semana passada, contém uma medida que visa criar um adicional de solidariedade sobre o setor bancário no valor de 0,02 pontos percentuais, “cuja receita é adstrita a contribuir para suportar os custos de resposta à atual crise”. 

Quanto a este assunto, António Ramalho não tem dúvidas de que esta contribuição “é um desgaste desnecessário” e que a contribuição deveria ser “repartida” por quem mais beneficia com a crise, defendendo não ser o setor financeiro. “Não me parece que o setor financeiro, de alguma maneira, seja alguma vez beneficiado e será certamente um dos setores mais fustigados com os efeitos desta crise”, defendeu.

Ainda assim, o CEO do Novo Banco deixou a garantia: “Não nos escusaremos a pagar a solidariedade”.