Ministra avisa que rede do SNS tem capacidade mas que “isso não nos pode fazer baixar a guarda”

Marta Temido relembra que o vírus não vai desaparecer até existir uma vacina ou um tratamento eficaz e pede que os portugueses não baixem a guarda. Recordando que é preciso que todos continuem a ter cuidado, a ministra destaca que “este é um trabalho de paciência, ninguém se iluda”.

Ministra avisa que rede do SNS tem capacidade mas que “isso não nos pode fazer baixar a guarda”

A ministra da Saúde Marta Temido, começou por revelar, na conferência de imprensa desta sexta-feira, que, de acordo com os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, entre 19 a 23 de junho, a média de Rt  – rácio de transmissibilidade – subiu de 0,98 para 1,06.

A governante aproveitou a oportunidade para relembrar que não podemos baixar a guarda e que o vírus só desaparecerá quando existir uma vacina ou um tratamento eficaz.

"A rede do SNS tem capacidade para garantir o que dela é preciso neste momento, mas isso não nos pode fazer baixar a guarda. Mesmo que todos estejam cansados, os profissionais de saúde continuam a estar lá", afirmou Marta Temido, depois de revelar que há 402 camas de enfermaria com doentes covid-19, e sublinhando que o SNS tem 21.500 camas disponíveis.

"O facto de Portugal ter tido uma situação epidemiológica melhor, mais favorável, menos dura do que a de outros países e de agora enfrentar números consistentes em algumas freguesias é motivo para reforçar o nosso esforço articulado ao nível da saúde publica, da solidariedade social, do emprego, da economia, da habitação, dos transportes, de trabalho das autarquias e da sociedade civil", destacou.

A ministra acabou por chamara a atenção para alguns comportamentos. "Sabemos que não podemos parar as nossas vidas e que ao lidar com uma doença infecciosa de elevada contagiosidade, como é esta, isso implica cuidados. [Deixo] uma vez mais uma chamada da atenção para o contacto físico, espaços fechados, e espaços muito frequentados, que são lugares e comportamentos de risco, as medidas básicas não podem ser descuradas", recordou.

Marta Temido acabou também por explicar que os 69 casos registados no Norte esta sexta-feira, do total de 451 novos casos em todo o país, estão maioritariamente associados ao surto no Lar de Cinfães. O mesmo acontece no Alentejo, onde há 128 novos casos positivos. A maior parte das infeções está associada ao lar de Reguengos de Monsaraz, mas também ao surto registado num parque de campismo em Grândola. Contudo, a ministra garante que as cadeias de transmissão estão todas identificadas. 

Já sobre o Algarve, Marta Temido revelou que os casos registados continuam maioritariamente ligados à festa ilegal que ocorreu em Odiáxere, Lagos, mas há também  pequenos novos focos em Cabanas de Tavira e Albufeira.

Dos 339 casos registados na região de Lisboa e Vale do Tejo, 234 situam-se na AML nos concelhos "mais preocupantes" já identificados.

A ministra foi ainda questionada sobre a utilização do remdesivir em pacientes infetados com covid-19. Marta Temido disse que é esperado que a Comissão Europeia dê luz verde à recomendação para autorização de comercialização no continente europeu na próxima semana.

Já Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, disse que os hospitais ativaram o programa de acesso para doentes graves e que têm estado a utilizar o medicamento. A responsável confessou ainda que o remdesivir tem sido usado na área pediátrica e que situação "correu bem".

"Foi fácil o acesso ao medicamento, foi rápido, foi utilizado em tempo útil e o prognóstico foi bom. O processo tem funcionado até à data", referiu.

Confrontada com um possível passo atrás da UEFA na realização da Liga dos Campeões em Lisboa, devido à situação que se vive, Marta Temido disse que o ministério da Saúde "não dispunha de informação" sobre possíveis contactos com a UEFA para dialogar sobre esta questão, mas destacou que a situação em Lisboa e Vale do Tejo está controlada.

"O que sabemos sobre a situação epidemiológica nacional, e mais concretamente sobre a região de Lisboa e Vale do Tejo, é que gostaríamos que existisse um menor números de novos casos por dia, mas a situação está controlada e implica medidas que tomamos nos últimos dias e mais concretamente ontem, mas é uma situação que continuamos a acompanhar", disse, admitindo que não vê motivos para que qualquer das atividades previstas para os próximos meses em Lisboa sofram alterações.