Suspensão de rendas tem “impacto residual” na avaliação dos centros comerciais

Estudo pedido pela AMRR à Casa Value conclui que suspensão das rendas fixas dos centros comerciais até ao fim do ano terá um impacto máximo de 2,95% na avaliação dos centros.

A Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) garante que a medida aprovada no âmbito do Orçamento Suplementar que prevê a suspensão do pagamento das rendas ficas dos centros comerciais até ao final deste ano vai ter um “impacto residual” na avaliação dos centros.

A conclusão tem por base um estudo pedido pela AMRR à avaliadora Casa Value que avaliou dois cenários possíveis: por um lado, a queda de 30% das receitas dos conjuntos comerciais entre 1 de junho e 31 de Dezembro (valor que foi estimado pelo presidente da APCC a 6 de julho) e por outro a queda global de 50% das receitas dos conjuntos comerciais no mesmo período e que “representa um cenário pessimista mas permite testar um cenário extremo. Este cenário na realidade significa uma queda superior a 60% dos lojistas que não sejam do retalho alimentar”, como supermercados e hipermercados.

O estudo considerou ainda que os proprietários dos conjuntos comerciais não recebam rendas desde 18 de março a 1 de junho deste ano, “embora seja do conhecimento público que os hipermercados, lojas de eletrónica, jardinagem, bricolage, entre outros, estiveram abertos e houve rendas cobradas pelos proprietários dos conjuntos comerciais”.

Assim, os dados permitem concluir que, no máximo, a desvalorização dos imóveis devido à lei, será de 1,88% no primeiro cenário e de 2,95% no cenário mais gravoso.

“Este estudo independente vem demostrar que o sacrifício por parte dos fundos imobiliários é residual e não coloca em perigo os balanços contabilísticos das empresas, ao contrário das afirmações que têm sido publicamente afirmadas”, explica a AMRR.

Entre as várias conclusões do estudo, a AMRR diz que “o impacto da lei é residual nas avaliações dos imóveis e nas contas das proprietárias dos conjuntos comerciais. Se a lei de facto tivesse impacto significativo, todos os fundos/empresas cotadas já deveriam, de acordo com a legislação relativa aos mercados acionistas e obrigacionistas e como mandam as boas regras de transparência e comunicação de factos relevantes,  ter emitido comunicações ao mercado e, até à data, não o fizeram. Com esta nova lei os fundos reduzem os lucros, mas os lojistas mantêm prejuízos avultados devido a não terem tido vendas durante três meses e no primeiro mês de abertura (junho) as vendas estarem 40% abaixo do mesmo período de 2019”.

Miguel Pina Martins, presidente da AMRR, defende que “a lei aprovada na Assembleia da República veio atenuar algumas desigualdades na relação dos lojistas com os centros comerciais. Há ainda diplomas em discussão na Assembleia da República cuja aprovação são fundamentais com vista a salvar um setor que emprega mais de 375.000 trabalhadores diretos e indiretos, evitando assim que muitos milhares de portugueses percam o seu posto de trabalho”, diz em comunicado, acrescentando que “a AMRR pede responsabilidade e elevação a todos os envolvidos nesta temática, colocando-se do lado das soluções, das empresas que representa, do emprego que gera e da economia nacional para a qual contribui”.