Galiza e País Basco foram votar em tempo de pandemia

Os independentistas galegos deram uma reviravolta, mas tudo indica que os vencedores serão os partidos do costume, o PP na Galiza e o PNV no País Basco.

Os nossos vizinhos galegos e os bascos foram às urnas este domingo, numas eleições autonómicas em plena pandemia. Na Galiza, tudo indica uma vitória do Partido Popular (PP), de Alberto Núñez Feijóo, que tradicionalmente domina a região autonómica – mas não é certo que mantenha a sua maioria absoluta, dado que precisa de 38 deputados regionais e as sondagens à boca de urna da TVG dão-lhe entre 37 e 40 lugares. Já no País Basco, deve ganhar o Partido Nacionalista Basco (PNV, em espanhol), de Iñigo Urkulluque, que continuará a precisar de um parceiro de coligação, segundo a sondagem à boca de urna da ETB – fica longe dos 38 deputados, com entre 30 a 32. No seu último mandato, os independentistas juntaram-se ao Partido Socialista do País Basco (PSE, em basco).

Importa lembrar o PP sempre governou a Galiza, desde o fim da ditatura de Francisco Franco, exceto entre 2005 e 2009, quando os socialistas conseguiram governar com o Bloco Nacionalista Galego (BNG) – no mesmo período, o País Basco também sempre foi governado pelo PNV, excepto entre 2009 e 2012, quando Madrid ilegalizou a esquerda independentista.

Com as sondagens à boca de urna a darem os mesmos vencedores de sempre, a grande surpresa parece ser os ganhos dos independentistas de esquerda do Bloco Nacionalista Galego (BNG), que tem tudo para se tornar na segunda força política, à frente dos socialistas. Capitalizaram a derrocada do En Marea, uma coligação de esquerda próxima do Unidas Podemos.

 

Surtos em tempo de eleições Talvez a maior provação enfrentada tanto por Feijoó como por Urkulluque, estas eleições, tenha sido os surtos de coronavírus na Galiza e País Basco, quando a situação começava a ficar relativamente estável a nível nacional. Não só ambas as comunidades proíbiram os infetados de votar, uma medida sem precedentes, como ambos os executivos foram alvos de pesadas críticas. Para os eleitores das áreas mais afetadas, o desafio é enorme. No País Basco, à hora de fecho desta edição, registava-se um aumento da abstenção, mas não na Galiza.

“Há que votar”, fez questão de Amalia, uma galega de 73 anos, ao Voz de Galicia, antes de se dirigir às urnas em Burela, para onde tinham sido deslocadas as mesas de voto de A Mariña, epicentro de um surto que tem 140 casos ativos. Apesar disso, Amalia juntou-se aos muitos habitantes da localidade, que fizeram filas, à espera para votar.