G20 criticado por adiar decisão sobre extensão da moratória da dívida

O G20 decidiu hoje adiar para o final do ano a decisão sobre a extensão da moratória sobre a dívida dos países mais vulneráveis à pandemia de covid-19.

As 20 economias mais industrializadas (G20) estão a ser criticadas por várias organizações não-governamentais (ONG) por ter adiado para outubro a decisão sobre a extensão da moratória da dívida, contrariando a expectativa do FMI e Banco Mundial. “É crítico que os líderes mundiais se cheguem à frente e garantam um acordo sobre o cancelamento da dívida este ano”, dizem. 

"Dada a gravidade da situação, esperávamos mais ação por parte do G20", resumiu o ativista Eric Lecompte, responsável pela ONG Jubileu USA Network, reagindo ao adiamento de uma decisão sobre a extensão da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), anunciada em abril pelo G20 e que dura até final deste ano.

LeCompte disse que apesar da falta de um compromisso para a extensão da moratória, uma das principais expectativas sobre esta reunião do G20, liderado este ano pela Arábia Saudita, um dos aspetos positivos foi a linguagem, que é agora mais dura para com os credores privados.

"O comunicado do G20 diz que os líderes 'encorajaram fortemente' os credores privados a juntarem-se à iniciativa da suspensão da dívida, quando em abril apenas 'apelaram', e isto é importante porque alguns credores privados têm resistido a juntar-se a este processo de alívio da dívida", disse o ativista em declarações à agência de informação financeira Bloomberg.

As críticas do ativista juntam-se ao desalento mostrado pelos líderes do Banco Mundial e do FMI sobre a necessidade de medidas concretas para ajudar os países mais vulneráveis a combaterem a pandemia de covid-19 e, ao mesmo tempo, honrarem os seus compromissos financeiros e, com isso, garantiram o acesso ao mercado internacional de dívida para financiar a recuperação e os investimentos nas suas economias.

"A situação nos países em desenvolvimento é cada vez mais desesperante; o tempo é curto, precisamos de tomar medidas rapidamente na suspensão, na redução, nos mecanismos de resolução e na transparência da dívida", escreveu o presidente do Banco Mundial.

Na comunicação lida na reunião dos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais, que decorreu este fim de semana através de videoconferência, David Malpass argumentou que é necessário prolongar a moratória nos pagamentos da dívida oficial bilateral até final de 2021 e alargar o seu âmbito, uma argumentação partilhada com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva.

A ONG Oxfam reagiu à decisão do G20 considerando que "a falta de progresso no alívio da dívida tão irresponsável como arrebatadora", e defendeu que era necessário alargar a moratória até final de 2022 e permitir o acesso aos países de médio rendimento, incluindo as empresas privadas e os bancos de desenvolvimento multilaterais".

O G20 decidiu hoje adiar para o final do ano a decisão sobre a extensão da moratória sobre a dívida dos países mais vulneráveis à pandemia de covid-19.