“É necessário pôr um bocadinho mais a mão em cima da mola”, afirma Graça Freitas

A aplicação do estado de contigência, que entra em vigor no dia 15 de setembro, coincide com o regresso às aulas e com o regresso de muitos trabalhadores às empresas, após um longo período de teletrabalho. 

Na conferência de imprensa desta sexta-feira, que contou com a presença da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e a secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, foram abordados vários assuntos como o aumento do número de casos diários no país, o regresso às aulas, previsto para a segunda quinzena de setembro, a possível obrigatoriedade de utilizar máscaras em espaços públicos e a aplicação do estado de contigência, que entra em vigor no dia 15 de setembro.

Questionada sobre a possibilidade de ser implementada a obrigatoriedade de usar máscaras em espaços públicos, como em França, Graça Freitas garante que as autoridades de saúde portuguesas estão sempre a acompanhar as recomendações internacionais e a "adaptar-se" à realidade atual, numa altura em que os números diários de casos estão a crescer em países como França, Espanha e Itália. 

Apesar de não ter respondido diretamente à questão, a diretora-geral da Saúde sublinhou que é necessário ter mais precuações em certos locais. "Uma coisa é passear numa rua movimentada numa cidade, outra é passear o cão às 22 horas numa zona não movimentada", salientou. "Teremos de ter esse bom senso e sentido de proporcionalidade", insistiu.

Outra das questões sobre a utilização da máscara abordada pela diretora-geral de Saúde é o facto de a Organização Mundial da Saúde ter aconselhado as crianças de seis anos a usarem máscara para se protegerem do novo coronavírus, o que fez as autoridades portuguesas começarem a rever esta questão. Graça Freitas afirma ainda que estão a ser estudadas diferentes tipos de máscaras para saber qual a mais adequada para cada situação.

Sobre o regresso às aulas, Graça Freitas afirma que as orientações e regras "foram criadas" e que "neste momento está a preparar-se a sua operacionalização". A diretora-geral da Saúde sublinha ainda que estas normas não são definitivas e que poderão ter de ser revistas. "Uma coisa são as regras gerais, outra é encontrar soluções alternativas, como é o caso de professores e alunos pertencentes a grupos de risco. Há coisas que só se conseguem verificar quando se têm de implementar", aponta. A responsável salienta ainda que está a ser preparado um documento, onde irá ser explicado o processo que deve ser seguido pelas escolas caso de suspeitarem que algum dos alunos está infetado. 

Questionada sobre o período do estado de contigência, que entra em vigor a partir de 15 de setembro, uma altura que coincide com o início do período escolar, Graça Freitas diz que faz sentido criar-se novas normas devido ao "movimento social em massa" que vai surgir, não só com o regresso ás aulas mas também com o regresso às empresas de muitas pessoas que tem estado em teletrabalho. "É necessário pôr um bocadinho mais a mão em cima da mola com medidas que permitam minimizar" o impacto desse movimento e impedir o crescimento de novos casos, apontou.

Nos últimos três dias os casos diários no país tem vindo a aumentar, à semelhança do que se passa no resto da União Europeia. A diretora-geral da Saúde diz que é "precoce" explicar o porquê do aumento mas afirma que existe um "clima favorável a que isso possa acontecer" devido ao aumento diário de casos em toda a Europa e a retoma da atividade turística.  "Com isso, há um maior contacto de pessoas e pode gerar um aumento do número de casos", disse Graça Freitas. Apesar de os casos se terem disseminado e constituirem surtos, a responsável afirma que o crescimento "não é exponencial". 

Segundo Jamila Madeira têm sido realizados, em média, 13.714 testes diários, em agosto. No total, desde o início da pandemia, já foram realizados quase dois milhões de testes, concretamente 1.992 milhões. Jamila Madeira garantiu ainda que será apresentado "nos próximos dias" o plano de retoma dos serviços de saúde para o inverno. "Este novo normal dificulta muitas das atividades mas o caminho é positivo e muito em breve nornalizar", afirmou.

Até hoje já foram infetados 4.401 profissionais de saúde, dos quais 3.821 já estão recuperados. Ao nível de estruturas residenciais para idosos, existem 60 estabelecimentos com casos positivos: 523 utentes e 224 funcionários, disse a secretária de Estado Adjunta e da Saúde,