Vacina da AstraZeneca não foi suspensa, mas sim os estudos: “Uma situação normal”

Na habitual conferência de imprensa, Graça Freitas explicou ainda que 12% dos novos casos são de pessoas com mais de 70 anos e Jamila Madeira revelou que foi lançado um concurso para a compra massiva de equipamentos de protecção individual, num investimento de 20 milhões de euros.

Vacina da AstraZeneca não foi suspensa, mas sim os estudos: “Uma situação normal”

O presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, explicou, esta quarta-feira, na habitual conferência de imprensa das autoridades de Saúde, que a suspensão dos ensaios clínicos da fase 3 da vacina contra a covid-19, por parte da AstraZeneca, é uma "situação normal" no processo científico, uma vez que é nesta fase que mais pessoas, de diferentes faixas etárias, são chamadas a participar.

O responsável disse ainda que “o que aconteceu não é a suspensão da vacina, é a suspensão dos estudos”.

"Estamos perante uma situação normal de funcionamento do sistema e é importante percebermos que o sistema está a funcionar bem, no sentido de permitir ter as respostas que precisamos de ter para prosseguir com a investigação", destacou, frisando que agora é a altura de perceber “todos os aspetos que têm a ver com a eficácia da vacina mas também com a sua segurança”.

Rui Santos Ivo adiantou que está a decorrer uma avaliação pelos peritos da AstraZeneca para decifrar o que motivou a reação adversa num dos participantes e que essa avaliação "faz parte das boas práticas da investigação clínica que está prevista".

O presidente do Infarmed garantiu ainda que uma vacina não será aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos ou pelo Infarmed sem reunir três critérios: qualidade, segurança e eficácia.

Na mesma conferência de imprensa, a secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, anunciou que foi lançado um concurso para a compra de equipamentos de proteção individual, num investimento total de 20 milhões de euros. Este investimento pretende fazer face a um possível crescimento de casos com o regresso às aulas e ao trabalho.

"Com o início do ano letivo, entramos numa nova fase de gestão da pandemia. Estamos de resto a trabalhar para que abertura das escolas e o regresso do país ao ritmo pós-férias tenham menor impacto possível”, disse.

"Para o Governo, a segurança dos profissionais de saúde continua a ser determinante na estratégia de combate à pandemia que adotamos e, por isso, na permanente incerteza da dimensão que a pandemia pode atingir, escolhemos a certeza de garantir aos profissionais de saúde todas as condições para que possam trabalhar em absoluta segurança”, destacou ainda.

Jamila Madeira revelou que atualmente há 4.551 casos de infeção entre profissionais de saúde: 1.342 enfermeiros, 1.306 assistentes operacionais, 584 médicos, 166 assistentes técnicos e 146 técnicos de diagnóstico e terapêutica. Destes, 3.892 já recuperaram.

Questionada sobre o número de novos casos registado esta quarta-feira (646) – o maior número de infetados desde 20 de abril – a secretária de Estado diz que o Governo “não está satisfeito” com o número, mas que já esperava que o mesmo voltasse a aumentar nesta altura e que o novo período de contingência, com início a 15 de setembro, foi planeado a pensar nisso.

 “Estamos perante um foco sobretudo na transmissão familiar, portanto a diminuição do número de contactos continua a ser o maior instrumento que temos para a redução da propagação do número de casos”, explicou.

Também Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, comentou os números desta quarta-feira e explicou que 12% desses infetados têm mais de 70 anos, um “indicador positivo em relação à sua potencial gravidade”.

A responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelou ainda que há 23 lares com surtos ativos em Portugal, “um número que é muito menor do que já tivemos no passado”. No entanto, Graça Freitas garante que as autoridade de Saúde continuam atentas.