“O mundo está sobrelotado de coisas horríveis, mas todas parecem um tabuleiro de bolos ao lado da morte”. A tirada de um sarcasmo quase assassino, ou não estejamos a falar da Rainha dos Espinhos, veio de Olenna Tyrell, uma das memoráveis personagens criadas por George R. R. Martin para a sua Guerra dos Tronos e que a atriz Diana Rigg elevou na série de David Benioff e D. B. Weiss. Foi com este papel que, já na segunda metade dos seus setenta anos, Rigg voltou a tornar-se uma estrela mundial, e são também as imagens da sua personagem enquanto Olenna as escolhidas, um pouco por toda a parte, para dizer adeus à atriz. Diana Rigg morreu ontem, aos 82 anos, tendo a filha, a também atriz Rachel Stirling, confirmado a morte da mãe e explicado que a mesma ocorreu na sequência de um cancro que lhe tinha sido diagnosticado em março deste ano. “Passou os seus últimos meses a refletir com alegria sobre a sua vida extraordinária, cheia de amor, riso e um profundo orgulho da profissão. Vou sentir mais falta dela do que consigo exprimir”, escreveu Rachel numa nota em que partilhou ainda que a mãe morreu enquanto dormia, rodeada da família.
Nascida em 1938, no Yorkshire, Inglaterra, teve o seu primeiro papel no teatro, numa peça de Brecht que viria a inaugurar uma carreira que se estenderia por mais de seis décadas. Mas passou a sua juventude enquanto atriz encaixada na gaveta de sex symbol, que lhe foi atribuída após a participação em Os Vingadores, entre 1965 e 1968, a série de culto na qual foi Emma Peel, a parceira de Patrick Macnee.
No ano seguinte, e ainda na senda da série, seria convidada para se tornar uma Bond girl. Aceitou o papel, o seu primeiro grande salto no grande ecrã e, até A Guerra dos Tronos, o que lhe deu mais projeção. Tornou-se assim a condessa Teresa di Vicenzo que, até hoje, foi a única mulher a levar ao altar o agente secreto mais famoso do mundo. O enlace aconteceu em 1969 no filme 007 – Ao Serviço de Sua Majestade, em que Bond foi interpretado por George Lazenby. Foi a única vez que o ator, a quem coube a difícil tarefa de substituir Sean Connery, deu vida ao espião numa aventura que se passou parcialmente em Portugal e que teve o Hotel Palácio, no Estoril, como um dos cenários. Consta que o par romântico não se deu muito bem, mas a história tem destas coisas e, até hoje, Diana Rigg “foi” mesmo a única a casar-se com 007.