Ativista de Hong Kong Joshua Wong detido pelas autoridades

Após ser libertado, ativista pediu atenção para os 12 ativistas detidos na China.

O ativista pró-democracia de Hong Kong Joshua Wong foi detido pela Polícia, acusado de participar numa “reunião ilegal”, numa manifestação no ano passado e de violar uma lei que proibia o uso de máscaras nos protestos pró-democracia que agitaram o território, também no ano passado.

As autoridades locais invocaram disposições de 1922 que não eram usadas desde 1967 para proibir o uso de máscaras durante os protestos, em 2019, com a justificação de que o seu uso facilitaria comportamentos violentos por parte dos manifestantes. Um dia depois do anúncio, em 4 de outubro, manifestantes saíram às ruas para protestar contra a proibição.

“A audiência foi fixada para 30 de setembro, às 14h30 “, disse aos jornalistas que o esperavam à porta da esquadra, relembrando que a data coincide com “a véspera do Dia Nacional da China” e é também “um dia antes de se saber quais as acusações contra os 12 [ativistas de Hong Kong] detidos na China”, ao abrigo da lei chinesa, que permite a detenção até 37 dias sem aprovação formal dos procuradores. “Como poderia ser o destino?”, ironizou.

Wong apelou para que a comunidade internacional esteja atenta a estes ativistas, entre os quais se encontra um luso descendente. “Peço à comunidade internacional que, em vez de se concentrar apenas em ativistas proeminentes como eu, (…) preste atenção aos 12 detidos em Shenzhen [na China continental], numa ‘detenção secreta’ que viola completamente os direitos humanos”, disse após a sua detenção.

Os 12 ativistas pró-democracia, que incluem o estudante universitário Tsz Lun Kok, com dupla nacionalidade chinesa e portuguesa, foram detidos em 23 de agosto pela guarda costeira chinesa, por suspeita de “travessia ilegal”, quando se dirigiam de barco para Taiwan, onde se pensa que procuravam asilo político.

Com 23 anos, Wong é um dos rostos mais conhecidos da chamada “revolução dos guarda-chuvas”, em 2014, e chegou a ser detido e condenado após os protestos desse ano. Foi nomeado para o Prémio Nobel da Paz, em 2017, e esteve preso em 2018, tendo sido mais tarde libertado.