Momento é de “grande preocupação” mas Governo diz que SNS está preparado para aumentar resposta

Há 129 surtos em lares e 49 em estabelecimentos de ensino, revelaram as autoridades de saúde que reiteraram que o contexto familiar e os eventos sociais são responsáveis pela maioria dos casos positivos.

O secretário de Estado da Saúde garantiu, na conferência de imprensa desta quarta-feira, que Portugal está preparado para aumentar a resposta à covid-19 no Serviço Nacional de Saúde (SNS), devido ao crescimento de novos casos. Sublinhe-se que nas últimas 24 horas foram diagnosticadas mais 2.535 pessoas e registaram-se 16 óbitos.

Diogo Serras Lopes começou por dizer que Portugal e outros países atravessam “um momento de grande preocupação”, pois “o aumento do número de casos nas últimas semanas coloca, e continuará a colocar, uma pressão significativa sobre todo o sistema de saúde e, em particular, nesta fase, sobre a saúde pública”.

No entanto, fez questão de acrescentar que o “O SNS está preparado para continuar a expandir a capacidade”, garantindo que esta nova fase teve a “preparação” adequada, sendo “visível” através da contratação de “mais de cinco mil profissionais”, dos quais “mais de 1.700 enfermeiros”, além da compra de mais equipamento de proteção.

O governante adiantou ainda, no dia em que Portugal se aproxima do máximo de internamentos por covid-19, que a ampliação da resposta do SNS também passa pelo aumento do número de camas nas enfermarias e nos cuidados intensivos, porém não quis avançar um número acerca da capcidade máxima, destacando que esta era "bastante elástica". "Monitorizamos as necessidades que existem e vamos continuar a fazê-lo", acrescentou.

Sublinhe-se que, esta segunda-feira, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, anunciou que o centro de apoio militar à covid-19 no antigo hospital militar em Belém seria reforçado com 60 camas, facto que Diogo Serras Lopes frisou na conferência de hoje, adiantando que "qualquer necessidade poderá ser coordenada entre as duas tutelas".

O secretário de Estado sublinhou também que os últimos dados revelam "menores incidências em internamento em enfermaria e em unidades de cuidados intensivos" e uma redução do tempo de internamento dos doentes com covid-19.

Sobre os lares, o governante recusou especificar os casos, apresentando apenas o total de surtos nestas intituições que é agora de 129, estando 1.425 utentes e 593 profissionais infetados. Números que, na opinião de Serras Lopes, “devem ser contextualizados”. “Em abril chegámos a ter 365 lares” com casos de infeção, recordou.

Já a diretora-geral da Saúde, também presente no briefing, abordou a situação nas escolas, dando conta de até ao momento estão registados 49 surtos de covid-19 em estabelecimentos de ensino,  com 499 diagnósticos reportados – números bem diferentes dos apresentados pela Fenprof.

A questão da forma de contágio e da lotação dos transportes públicos continua também a ser um dos temas abordados nestes encontros com os jornalistas. A reação continua também a ser a mesma, ou seja a maioria dos casos não surge na sua utilização.

“A indicação que temos é que a maioria dos contágios não ocorre na utilização de transportes públicos – nem nada que se pareça – mas, sim, em contexto familiar e de eventos sociais”, afirmou o secretário de Estado. “De qualquer forma, estamos a monitorizar a aplicação das regras que foram criadas”, acrescentou.