SNS: 325 das 373 camas em UCI destinadas a doentes covid estão ocupadas

A segunda vaga da pandemia que a Europa enfrenta, o adiamento da atividade presencial em vários hospitais do país e o aumento significativo de casos diários, foram alguns dos temas discutidos na conferência de imprensa das autoridades de saúde. 

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e responsável pela linha da Saúde 24, Luis Goes Pinheiro, estiveram presentes na conferência de imprensa das autoridades de saúde onde fizeram um balanço atual sobre a situação epidemiológica que o país enfrenta.

António Sales sublinhou no início da conferência que o aumento significativo no número de infeções diárias se deve a um atraso "no report por parte de um laboratório" no Norte do país, mais exatamente 3.570 casos que não foram reportados desde a passada sexta-feira, dia 30 de outubro. "É da nossa responsabilidade assumir os números com responsabilidade e transparência", afirma o secretário de Estado da Saúde, que garante que o ministério está a fazer de tudo para evitar que estas situações se repitam. Assim, nas últimas 24 horas foram confirmados 3.927 novos casos de covid-19.

Numa altura em que o número de internamentos de pessoas infetadas com o novo coronavírus tem aumentado, embora os dados de hoje tenha revelado uma ligeira descida, Lacerda Sales foi questionado sobre a disponibilidade de camas do SNS e os números não são animadores. Das 2.337 pessoas internadas, o responsável anunciou que estão ocupadas "2.012 das 2.370" camas disponíveis para doentes covid-19 em enfermaria e "325 das 373 camas" em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Logo, estão disponíveis apenas 48 camas em UCI e 358 em enfermaria. 

Questionado sobre o adiamento da atividade presencial não urgente nos hospitais, presente num despacho emitido pelo ministério da Saúde, esta quarta-feira, e como esta pode afetar os utentes, Lacerda Sales diz que esta suspensão nada tem a ver com a que aconteceu no início da pandemia e será mais concentrada na "cooperação entre outros hospitais" de modo a evitar que várias unidades hospitalares estejam pressionadas e evitar mais situações como a que se vive no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa.

Apesar dos aumento diário constantes de infetados, óbitos e internados, António Sales aproveitou a conferência para dar "uma boa notícia" e afirma que o valor do R tem estado a diminuir de forma sistemática, desde o dia 14 de outubro e é hoje de 1.14. "Há neste momento um desacelerar da pandemia", aponta. 

Em relação à segunda vaga da pandemia que a Europa enfrenta, Sales foi questionado sobre o que é "falhou" no combate à pandemia mundial no velho continente e no país e o responsável separa as situações. "Em Portugal, não nos parece que isso tenha a ver com medidas tomadas na Europa. Estamos a tomar as medidas que nos parecem mais adequadas para podermos combater esta segunda vaga. Não fazemos essas comparações à escala planetária", esclareceu. 

Já o responsável pelo SNS24, Luis Goes Pinheiro, aproveitou a oportunidade para reiterar a informação de que a partir do final do dia de hoje o SNS24 está responsável por passar declarações provisórias de isolamento profilático para que os utentes que se encontrem numa situação de risco se possam ausentar do trabalho.  Numa altura em que o Governo impôs o regime de teletrabalho obrigatório, excetuando apenas situações em que tal não é possível, Goes Pinheiro afirma que esta declaração "só terá efeito se o exercício da atividade profissional do utente em teletrabalho for impossível" e recorda que esta impossibilidade "terá de ser feita com declaração da entidade patronal".