Contratação de mais profissionais de saúde? “O mercado não tem gente disponível para ser contratada”, diz Marta Temido

Ministra recorda papel da população “em aliviar a pressão” dos médicos.

Contratação de mais profissionais de saúde? “O mercado não tem gente disponível para ser contratada”, diz Marta Temido

Pouco depois de ser revelado que morreram mais 52 pessoas devido à covid-19 no país, o segundo valor mais alto desde o início da pandemia, a ministra da Saúde, Marta Temido, que esta sexta-feira esteve na região do Tâmega e Sousa, admitiu que a letalidade da doença “é bastante preocupante”, depois de fazer um balanço sobre os últimos dados da covid-19 no país.

“A letalidade da doença tem subido nos últimos dias e é bastante preocupante”, confessou Marta Temido.

Depois de uma reunião “técnica” com vários responsáveis de saúde pública, nomeadamente com o ACES Vale do Sousa Norte, a ministra destacou que um dos aspetos que mais preocupa as autoridades de saúde é “o atraso na realização de inquéritos epidemiológicos”.

“Um dos aspetos que mais nos preocupa quando o número de casos sobe é a realização dos inquéritos epidemiológicos e a nossa capacidade de lhes dar resposta”, disse a ministra, numa altura em que a região Norte, nomeadamente a sub-região do Tâmega e Sousa, continua a registar a maior parte dos novos infetados.

Na reunião, os responsáveis de saúde analisaram estes atrasos e como lhes dar resposta.

“Neste momento a unidade de saúde pública está a conseguir realizar cerca de 300 inquéritos por dia”, disse a governante, admitindo, no entanto, que há outros inquéritos com mais dias que estão “acumulados” e que precisam de ser recuperados nos próximos 15 dias a três semanas.

Marta Temido visitou ainda o Hospital de Penafiel, onde há relatos de sobrelotação, e destacou que a unidade hospitalar já “registou algum alívio fruto de algumas transferências nos últimos dias” para o Hospital da Universidade Fernando Pessoa e para outras instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A ministra destacou ainda que as instituições da região “colaboraram ativamente”.

Numa altura em que o país enfrenta a pior fase da pandemia, a governante reconhece que os profissionais de saúde estão “cansados”. Assim, lembra que “não podemos baixar a guarda”.

“Cá fora precisamos de aliviar a pressão a montante porque se houver 10 milhões de infetados não há capacidade de resposta”, disse.

Questionada sobre os pedidos contratação de mais profissionais de saúde por parte de alguns hospitais, a ministra realçou que desde o início da pandemia existe "um regime excecional de contratação que permite contratar todos os profissionais que estão no mercado”. Contudo, acrescentou: “neste momento, a situação com que nos deparamos é que o mercado não tem a disponibilidade que tem noutros momentos e há muitos profissionais que ficaram doentes”.

Marta Temido explicou ainda que o facto daquela região ter uma grande incidência de novos casos, levou a que “mais de 200” profissionais de saúde também ficassem infetados.

“Isso tem um peso significativo na capacidade de resposta”, disse, garantindo, apesar disso, que não irão faltar meios e que estão a ser usadas “outras formas” de resolver o problema.

A ministra lembrou ainda que “nenhuma unidade hospitalar do SNS está livre de sofrer pressão”.

 “Não estamos livre de ter esta pressão e letalidade elevada nos próximos dias”, rematou.