Portugal realiza primeiro tratamento por cateterismo em bebé de sete meses

O bebé, com sete quilos, já tinha sido submetido a duas cirurgias por uma malformação congénita do coração e tinha taquicardia resistente a todos os medicamentos.

Pela primeira vez, Portugal realizou um tratamento por cateterismo num bebé de sete meses, que sofria de taquicardia resistente aos medicamentos, avançou a Lusa. O interveção cirúrgica ocorreu no Hospital Santa Marta, em Lisboa, no final de outubro. Desde então o bebé não teve mais nenhum episódio de taquicardia.

Este tratamento é normalmente utilizado em crianças mais velhas, com idades a partir dos 8, 10 anos. O bebé, com sete quilos, já tinha sido submetido a duas cirurgias por uma malformação congénita do coração e tinha taquicardia resistente a todos os medicamentos. Depois de estes procedimentos não terem sucesso, os médicos decidiram apostar no cateterismo, utilizando a ablação das vias anómalas.

“São materiais que são feitos especialmente a pensarem em adultos e têm um tamanho grande e em crianças, principalmente mais pequenas, são muitos poucos os sítios no mundo que fazem estes tratamentos, preferem sempre tratar os doentes com medicação, tentar estabilizar e deixar crescer”, explicou o cardiologista pediátrico que realizou o procedimento, Sérgio Laranjo, à Lusa.  “O tamanho do coração do bebé é tão pequeno que manipular estes materiais dentro do coração, localizá-los e depois fazer um procedimento com segurança é algo que exige muito esforço e muito treino", acrescentou. 

Segundo o profissional de saúde, a situação deste bebé era ainda "mais complexa" pois tinha problemas na estrutura do coração, já tinha sido operado, e o acesso que tinham para chegar ao coração era uma veia no pescoço.  "Os elétrodos quase ocupavam o volume disponível dentro do coração" e encontrar ali "algo milimétrico" é muito difícil, explicou ainda. 

Sérgio Laranjo afirma que deve-se começar a realizar estes processos em crianças mais novas e avançar com este processo em "segurança e com confiança". "Não necessariamente no primeiro ano de vida, mas eventualmente numa idade mais jovem 5, 6 anos de idade, em vez de serem tratados quando são adolescentes e andarem 10 anos a fazer medicamento, ir a 50 consultas, fazer 200 exames, fazer cinco ou seis internamentos", acrescentou. 

A diretora do Serviço de Cardiologia Pediátrica do CHULC, Fátima Pinto, mostrou-se bastante satisfeita com a realização do procedimento. “Isto é a prova que apesar da covid-19 ainda há hospitais que estão a fazer inovação, técnicas novas, a promover os melhores cuidados aos doentes”, afirmou. 

Notícia corrigida às 16h39 de 22 de novembro