“Está também nas nossas mãos proteger e protegermo-nos. Há alternativas ao convívio físico”

Graça Freitas lembrou o papel dos portugueses no combate à pandemia da covid-19.

“Está também nas nossas mãos proteger e protegermo-nos. Há alternativas ao convívio físico”

A diretora-geral da Saúde arrancou a habitual conferência de imprensa das autoridades de saúde, esta segunda-feira, com um apelo aos portugueses. Graça Freitas pediu que os contactos físicos sejam reduzidos ao estritamente necessário e lembrou que o núcleo familiar é constituído apenas "pelas pessoas com quem eu resido, ou seja, a minha bolha".

"Ao conviver em presença com familiares meus de outros núcleos ou com amigos, aumento a probabilidade de contágio. Vamos fazer escolhas: está nas nossas mãos decidir com quem nos encontramos presencialmente; e nestes encontros, está também nas nossas mãos proteger e protegermo-nos. Há alternativas ao convívio físico", começou por dizer Graça Freitas.

Depois de recapitular todos os cuidados que as pessoas em isolamento devem ter – uma informação que também está disponível na página de Internet do SNS24 – a diretora-geral da Saúde revelou que a Direção-Geral da Saúde (DGS) já tem preparado um plano de vacinação contra a covid-19 e que "há pelo menos contratos celebrados com quatro empresas, duas outras estão em vias de entrarem nesta pool de fornecedores possível". No entanto, qualquer plano de vacinação estará dependente da aprovação da Agência Europeia do Medicamento, mas também das características de cada vacina.

“Há várias vacinas e são todas diferentes, têm tecnologias diferentes e indicações diferentes. O plano de vacinação tem vindo a ser feito ao longo destes meses desde que as vacinas começaram a ser fabricadas e a ser testadas. Dito isto, toda a logística, não só do transporte mas da rede de frio, a rede de administração, os planos de formação e comunicação, toda a logística está a ser pensada e depende de onde vier a vacina. A vacina há-de chegar de alguma forma e de acordo com as características da vacina, haverá um ponto de chegada e pontos de distribuição secundários", disse.

Questionada sobre o Congresso do PCP, agendado para o próximo fim de semana, em Loures, Graça Freitas disse que plano sanitário para o evento está em análise.

"A DGS teve conhecimento da documentação pedida através da rede das autoridades de saúde, nomeadamente através da autoridade regional de Lisboa e Vale do Tejo, e a proposta está em análise", disse.

A responsável da DGS acabou ainda por esclarecer os motivos que levam pessoas que tenham estado infetadas e que tenham recebido alta clínica após 10 dias, continuem a ter testes positivos para a covid-19. Graça Freitas reiterou que uma pessoa que tenha sintomas ligeiros poderá apresentar resultados positivos, mas não significa que esteja contagiosa, mas sim que ainda há vestígios do vírus no seu sistema.

"Considera-se que ao fim de dez dias, uma pessoa que tenha doença ligeira e que não apresente febre ou qualquer outro sintoma nem agravamento de nenhum dos sintomas tem cura clínica. Porque é que ela pode dar ainda positivo? Não é necessário fazer teste, mas se persistirem partículas do vírus, não quer dizer que a pessoa esteja infetada ou que transmita. Quer dizer que ficaram fragmentos do vírus. Enquanto as partículas lá estiverem pode haver um teste positivo. É por isso que se considera o desaparecimento dos sintomas e a alta clínica como mais importante", esclareceu.

Sobre os casos de reinfeção, Graça Freitas disse que estão a ser estudados, no entanto, não são preocupantes, uma vez que são raros.

"A descrição destes casos de reinfecção é muito reduzida a nível mundial, e implica que cada situação seja muito criteriosamente estudada. São situações raras que carecem de muita investigação e estudo e estes últimos relatos portugueses também estão a ser acompanhados e estudados para ver exatamente se são ou não verdadeiras reinfeções", disse.

Sobre possíveis medidas para o Natal, a diretora-geral da Saúde diz que é preciso esperar pelo impacto das medidas já tomadas.

"De um modo geral, os cidadãos têm contribuído para que a epidemia não seja ainda mais descontrolada e essa é uma coisa muito positiva na nossa sociedade. A epidemia está a crescer, mas temos que ter em atenção que o nível de crescimento já foi mais acentuado no passado. Acompanhamos as medidas previstas para o Natal e esperamos que seja possível abrandar de alguma forma as medidas que temos agora, sem que abrandamento signifique qualquer tipo de relaxamento", afirmou.

Sobre os surtos ativos no país, e admitindo que pode haver uma “subnotificação” neste número, Graça Freitas revelou que são 508 – 182  em lares de idosos, 94 em estabelecimentos de ensino e 37 em instituições de saúde.