Madrid tira tapeçarias de Rafael do baú

Oportunidade para ver, na capital espanhola, uma das obras-primas quase esquecidas do Renascimento.

Madrid tira tapeçarias de Rafael do baú

Os 500 anos da morte de Rafael Sanzio (1483-1520), prematuramente falecido em Roma aos 37 anos, estão a ser assinalados na capital espanhola com uma iniciativa que oferece a oportunidade de ver uma das obras-primas menos conhecidas do Renascimento.
Até 18 de abril de 2021, o Palácio Real de Madrid expõe a monumental série de nove tapeçarias encomendadas por Filipe em Bruxelas a partir de cartões de Rafael, que antes se encontrava guardada nas reservas do monumento. Totalizando cerca de 400 metros de comprimento e pesando 400 quilos, como nota o El País, as tapeçarias representam os Atos dos Apóstolos. Feitas de lã e seda, eram tão importantes para o Rei espanhol que este, no seu testamento, determinou que nunca poderiam ser vendidas.
A encomenda da série original, composta por dez tapeçarias (cinco dedicadas ao apóstolo S. Pedro, as outras cinco a S. Paulo), foi feita pelo Papa Leão X, para decoração da Capela Sistina, no Vaticano. Alguns dos cartões originais pintados por Rafael conservam-se no museu de artes decorativas Victoria & Albert, em Londres. O resultado final, saído das oficinas do mais célebre tecelão da época, Pieter van Aelst III, herdeiro de uma longa dinastia, causou um tal impacto que outros soberanos quiseram também imitar o Papa. Só os mais ricos, porém, podiam fazê-lo. Foi o caso de Francisco I de França e de Henrique VIII de Inglaterra. Mas a primeira foi destruída pela Revolução Francesa e a segunda, levada para a Alemanha, desapareceu sob as bombas dos aliados durante a Segunda Guerra Mundial.