O tribunal de Xangai condenou por quatro anos de prisão, nesta segunda-feira, a jornalista chinesa independente acusada de “causar distúrbios” e “procurar problemas” quando noticiou o surto de covid-19 em Wuhan, no centro da China, segundo o jornal de Hong Kong.
Em fevereiro de 2020, Zhang Zhan viajou para Wuhan para reportar o surto do vírus e para explicar ainda o modo de prevenção contra a doença e tratamento dos pacientes. A jornalista desapareceu em maio, sendo revelado mais tarde que foi detida pela polícia em Xangai.
De acordo com os seus advogados citados pelo jornal Apple Daily, Zhang Zhan foi condenada por “causar distúrbios” e “procurar problemas”. Na China, esta é uma das acusações mais comuns usadas contra jornalistas e ativistas dos Direitos Humanos.
A jornalista recusa-se a aceitar as acusações, pois não concorda com a censura sobre as informações que publicou nas plataformas chinesas como o WeChat ou nas redes sociais Twitter e YouTube.
Segundo a organização Defensores dos Direitos Humanos na China, no passado mês de setembro, a jornalista de 37 anos já tinha sido presa por informar que os cidadãos de Wuhan receberam comida estragada, durante as 11 semanas de confinamento, e ainda tinham sido obrigados a pagar pelos testes à covid-19.
Depois de estar presa, Zhang Zhan começou uma greve de fome em setembro, o que a deixou numa condição física muito frágil, tendo sido alimentada à força por um tubo pelas autoridades chinesas, ainda explicou a organização humanitária.
Contudo, a vontade da jornalista é de continuar com a sua greve de fome, “mesmo que morra na prisão”, revelou um dos advogados.
Outros jornalistas independentes que viajaram para Wuhan no início do surto também foram detidos ou desapareceram do país, ao mesmo tempo que as autoridades chinesas restringiram a cobertura para que a imprensa oficial pudesse noticiar a resposta eficaz e rápida à covid-19 que o Governo teve.
Porém, Zhang Zhan foi a primeira jornalista a ser oficialmente punida com pena de prisão.
Em março de 2020, a China também expulsou jornalistas de órgãos internacionais como o New York Times, Washington Post e Wall Street Journal.
De acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras, a China é o país que mais jornalistas detém no mundo. O regime chinês controla todos os passos dos jornais nacionais e ainda censura a maioria dos meios de comunicação estrangeiros na internet.