PSP em protesto. “Quisemos explanar o nosso desagrado através das faixas e não do número de pessoas”

“Para que os polícias sejam valorizados, têm de ser vistos como profissionais de risco”, explicou Pedro Carmo.

Sob o lema "Valorizar os polícias não é um gasto supérfluo", aproximadamente 50 elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) concentraram-se, esta terça-feira, em frente ao Centro Cultural de Belém – sede da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia -, em Lisboa, para reivindicar a atualização dos salários e a atribuição de subsídio de risco. O protesto foi convocado pelos sindicatos que integram a 'Aliança – Hora de agir'. 

"O objetivo era mesmo esse, não ser muita gente, por isso é que marcámos uma ação de protesto e não uma manifestação. Estamos em tempo de pandemia. Recebemos um alerta da DGS e quisemos explanar o nosso desagrado através das faixas e não do número de pessoas. Ainda ninguém nos contactou e isso é o mais normal", começou por explicar Pedro Carmo, presidente da Organização Sindical dos Polícias (OSP/PSP), ao Nascer do Sol.

O dirigente esclareceu que o "subsídio de risco está previsto e legislado até junho", referindo-se ao facto de que o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou, em fevereiro, que vai ser atribuído um subsídio de risco às forças de segurança, tal como está previsto no Orçamento do Estado deste ano, devendo esta matéria estar concluída até junho. "Temos em conta que não devem estar com vontade de atribuir um subsidio idêntico ao das restantes forcas de segurança, como os cerca de 400 euros da Polícia Judiciária e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras", sublinhou Carmo, acrescentando que a PSP recebe três suplementos – o de força de segurança, de turnos e de patrulha – e que acredita que "se calhar, tudo ficará igual". 

É de recordar que, em outubro de 2020, Eduardo Cabrita, em visita ao Entroncamento, disse que a atualização salarial das forças de segurança se inseria na “questão global” que seria discutida “a seu tempo” no âmbito da aprovação do Orçamento do Estado para 2021. "Não temos um aumento praticamente desde 2005. Como poderá haver candidatos aos concursos numa circunstância destas? Pelo risco que corremos, será que alguém quererá ir para a PSP?", questionou Carmo, adicionando que "um polícia, em início de carreira, ganha pouco mais do que o valor do ordenado mínimo", sendo que tal se revela injusto por variadas razões, como o facto dos elementos desta autoridade laborarem dois domingos mensalmente "sem receberem nada por isso". É de frisar que os sindicatos contestam e sublinham a diferença de 136 euros que separa o salário base da PSP, de 801 euros, do salário mínimo nacional.

É de lembrar que, no passado dia 6 de abril, a OSP/PSP emitiu um comunicado, criticando a falta de investimento estatal. "O Governo com 'travão no investimento da PSP' em 2020, alegando ser um ano 'atípico' e dá centenas de milhões de euros à TAP e ao NOVO BANCO. O Governo dá centenas de milhões para cobrir má gestão privada e estrangula tostões aos Polícias. Os problemas da Polícia poderiam ser resolvidos com uma migalha dos milhões oferecidos consecutivamente à má gestão privada", podia ler-se no documento. "O governo ludibria com fictícias compensações de subsidio de risco extraordinário aos polícias e manobra a revisão ou extinção de suplementos remuneratórios, mantendo em segredo o valor a atribuir ao subsidio, pelo risco profissional", escreveu, à época, a organização.

"No fundo, queremos a atribuição do subsídio de risco em valor de 25%, isto é, do primeiro índice, da carreira de comissário e, por outro lado, a revisão dos índices salariais, apelando a que haja um aumento de 30%", elucidou Carmo. "Já estou na PSP há mais de 20 anos, mas se soubesse aquilo que sei hoje, não teria escolhido este trabalho. Estamos numa fase de concursos de admissão à PSP e, se virem que não há candidatos, vão ter de agir. Para que os polícias sejam valorizados, têm de ser vistos como profissionais de risco", concluiu.