por João Maurício Brás
As universidades e institutos de estudos sociais e humanos no Ocidente transformaram-se em centros de difusão de radicalismo e fundamentalismo com os seus dogmas de fé. Já nada têm a ver com conhecimento, investigação e debate, mas sim com ativismo e ideologia totalitária e censória. A grande destruição começou nas universidades americanas e anglo-saxónicas. Os radicais de esquerda cultural e burguesa, como diria Marx, os infantis da esquerda elitista (de uma esquerda que atraiçoa os verdadeiros ideias da esquerda da common decency e da gente simples), os progressistas deformadores do progresso e os libertários e liberais culturais do mundo como mercado e do homem como consumidor atomizado corroeram um dos pilares da civilização: as humanidades. O ódio ao Ocidente, à história, à cultura e até à pessoa humana está em marcha levando à tribalização das pessoas por cores, orientações sexuais, religiosas, etc., ao renascer do culto do antifascismo fascista, do antirracismo racista e de um feminismo tão degradante como o machismo. O que temos hoje são ataques à ciência, às humanidades, à liberdade de expressão, à crítica e ao conhecimento em nome de uma visão manicomial onde o racismo é unicamente do branco, onde a dogmática inquisitorial do ultrafeminismo e lgbtismo nos diz que no início era o neutro, onde grupos de justiceiros sociais reivindicam cursos e espaços só para negros e proteção especial para pessoas consonante o sexo, orientação sexual e cor.
Os factos, o conhecimento, a objetividade e o rigor são agora malditos e tudo em nome da inclusão, da tolerância e da diversidade.
As humanidades foram um dos traços distintivos da cultura Ocidental mas morreram. Se há de facto progresso é no conhecimento técnico e científico. As áreas da física, da engenharia, da biologia, em domínios como a genética, a robótica, a informática e a medicina permitiram alcançar patamares inéditos. A especialização destas áreas é fascinante: nelas encontramos as pessoas mais capazes e dispostas ao trabalho árduo e rigoroso que é indispensável ao mérito. Infelizmente as outras áreas fundamentais do conhecimento transformaram-se em paródias. Os estudos críticos disto e daquilo, os estudos culturais e sociais estão devastados. A maior parte do que se produz nas suas derivações como os estudos do género, estudos queers, estudos do feminismo, literaturas, estudos pós-coloniais, etc., pouco ou nada têm a ver com o conhecimento. Herdeiros das modas relativistas e culturalistas, dos desconstrucionismos e pós-estruturalismos, do tudo é perspetiva e linguagem são uma espécie de culto ao deus do absurdo e do nonsense. Assumem-se como vanguarda do progressismo, que é na verdade um regressismo. Eis o regresso à barbárie da irracionalidade, do tribalismo, dos clãs das adorações bizarras de divindades obscuras.
Para perceber como as humanidades morreram basta ver os títulos dos colóquios e respetivas conferências desta pós-modernidade que é na verdade uns pós de tudo um pouco, mas apenas pó. Essas conferências parecem assembleias de seitas lunáticas comemorando a visão eleita sob a orientação dos seus gurus. E ai de quem questionar qualquer evocação vitimista. O problema é que estas seitas minúsculas invadiram as universidades, os média e alguns setores da política e poucos têm coragem para desconstruir a desconstrução desses niilistas.