Restauração. Novas regras causaram perdas de clientes próximas de 90%

Associação Nacional de Restaurantes mostra prejuízos criados pela medida, fala em muitas dúvidas de empresários e clientes e pede suspensão de testes nos espaços de restauração.

As novas regras de controlo e testagem à entrada de restaurantes localizados em zonas de risco elevado e muito elevados causaram perdas próximas dos 90%. A garantia foi dada esta quarta-feira pela Associação Nacional de Restaurantes, a Pro.var, que, com base num inquérito realizado entre 11 e 13 de julho concluiu que nas salas interiores dos restaurantes com esplanada, verificou-se uma perda de 83,9% de clientes.

Nos restaurantes sem esplanada a perda de clientes superou os 87% e, nos estabelecimentos de restauração dos centros comerciais, foi registada uma quebra de 88,29% de clientes. Importa referir que estas percentagens excluem o take away e o delivery.

“Alertamos para o brutal impacto que esta medida teve, uma situação que cria enormes injustiças e são muito discriminatórias, pois perante esta dificuldade, a maioria dos clientes transferem-se para restaurantes com esplanada ou para zonas livres destas restrições”, lê-se na nota assinada pelo presidente da Pro.var, Daniel Serra.

Assim, “por todo o impacto gerado, pelas dúvidas da eficácia dos auto testes, pelas dúvidas legais e de saúde pública associadas, pelos enormes constrangimentos e consequentemente, elevadas perdas infligidas aos restaurantes”, a Pro.var pede ao Governo que altere, no próximo Conselho de Ministros, elimine de forma “imediata” os auto testes dos restaurantes.

Mas não só. A Pro.var sugere ainda que, com a ajuda das autarquias e DGS, sejam encontradas soluções de implementação de testes PCR, com validação de um técnico de saúde no local, criando unidades fixas e móveis junto do aglomerado dos restaurantes.

A associação fala ainda na reposição das restrições anteriores “que permitiam os restaurantes funcionarem de segunda à sexta-feira até à meia-noite, introduzindo contudo uma alteração ao que estava previsto anteriormente”. Alteração que passa pelo funcionamento dos restaurantes ao sábado e domingo à noite, até à meia-noite, “desde que os clientes estejam munidos de certificado digital ou testes PCR, efetuados em locais onde os profissionais de saúde possam validar”.

Além disso a Pro.var sugere ainda o aumento da fiscalização de festas ilegais e outros ajuntamentos, lembrando o aumento de novas infeções na população mais jovem.

Mas o inquérito traz ainda mais conclusões. “Verificámos também que 44,1% dos empresários se recusam a fazer auto testes preferindo perder clientes do que terem que pagar uma multa de 10.000,00€”, lê-se na nota onde Daniel Serra garante que os empresários estão “assustados e impreparados, uns não estão a conseguir testes, os clientes dizem o mesmo”.

Falta de vagas na farmácia para realização de testes, dúvidas nos procedimentos em relação aos testes, onde colocar os testes usados e como fazer no caso de algum cliente estar infetado são algumas das dúvidas que o presidente da Pro.var diz que chegam por parte de empresários e clientes.

“Por outro lado, existem muitos contactos com infetados, cerca de 26% que não foram rastreados (dados entre o dia 24 e 30 de junho) e não podem ser os restaurantes a fazer esse trabalho, sob pena de se tornar um jogo perigoso, que mais parece uma roleta russa”, atira Daniel Serra.

Nesse sentido, a associação pede ao Governo que “arrepie caminho” e faça algumas adaptações. O objetivo é que não se perca mais um verão e que a comunicação melhore “pois ainda podemos recuperar e conquistar turistas portugueses ou os estrangeiros que estão a cancelar férias em Portugal e neste preciso momento se estão a transferir para a nossa vizinha Espanha, entre outros mercados”.

No que diz respeito ao desempenho económico dos restaurantes deste ano face ao ano passado, foi verificada uma quebra acumulada, acima das quebras anteriores, valores acima dos 25%, em 69,29% dos restaurantes.

Sobre este assunto, a Pro.var garante que os apoios foram “francamente reduzidos e em 25% das empresas até foram inexistentes”.