Ida deixa rasto de devastação

Nova Iorque e Nova Jérsia registaram pelo menos 45 vítimas mortais depois da passagem do furacão Ida, que provocou chuvas torrenciais e inundações-relâmpago.

Ida deixa rasto de devastação

Mortes, ruas submersas que deixaram carros encalhados, apartamentos e metros inundados, assim é o cenário de devastação deixado pelo furacão Ida, que arrasou os estados de Nova Iorque e Nova Jérsia, onde foram registadas pelo menos 45 vítimas mortais provocadas por chuvas torrenciais, que causaram enormes inundações.

O caos a que esta zona ficou entregue obrigou o presidente da Câmara de Nova Iorque, Bill de Blasio, na noite de quarta-feira, a colocar o estado pela primeira vez sob alerta de enxurrada. «Estamos a enfrentar condições meteorológicas históricas, com chuva recorde por toda a cidade, cheias brutais e condições perigosas nas nossas estradas», alertou o mayor.

As chuvas deixaram milhares de nova-iorquinos sem eletricidade, estações de metro submersas, e apartamentos em caves eram inundados de um momento para o outro, deixando os moradores encurralados.

Meios de comunicação internacionais divulgaram relatos assustadores da realidade que se está a viver nestes estados afetados pela tempestade. Em Queens, foi reportado que a água encheu o pátio de um apartamento subterrâneo que destruiu a porta de vidro e deixou uma mulher de 48 anos presa. «Ela estava a gritar: ‘ajudem-me, ajude-me!’», contou o assistente de um prédio nesta zona de Nova Iorque, Jayson Jordan, ao Guardian.

Devido à catástrofe, Nova  Iorque ficou sujeita a uma proibição de circulação, em vigor até às 17h de quinta-feira, com exceção de veículos de emergência, e no aeroporto internacional Newark Liberty, um dos principais da área metropolitana de Nova Iorque, todos os voos tiveram de ser cancelados.

«Não é o nosso primeiro rodeo» 

No 16.º aniversário do Furacão Katrina, que matou mais de 1800 pessoas, a maioria delas por afogamento, os habitantes de Nova Orleães reviveram os sentimentos da devastação provocada por este desastre natural e já registaram cerca de uma dezena de mortos.

O furacão deixou também cerca de 255 mil casas sem água e mais de um milhão de casas e negócios sem energia em Nova Orleães. Algumas áreas poderão ter de esperar três ou mais semanas antes de ser restabelecida a rede elétrica.
No entanto, Nova Orleães nem foi das que sofreram menos danos, quando comparada a outras cidades do estado do Louisiana, uma vez que já se encontra preparada e protegida para enfrentar este nível de «inundações  catastróficas», escreve a AP. «Este não é o nosso primeiro rodeo», disse um habitante da cidade, citado pela agência de notícias, em lágrimas enquanto olhava para a devastação do furacão, «mas é, sem dúvida, o pior».

Tragédia global 

A situação nos EUA tornou-se tão grave que o Presidente Joe Biden teve de anunciar medidas para evitar o risco de escassez de combustível e aumentos dos preços de bens essenciais face aos estragos que o furacão causou no sul do país.

«É importante perceber que a região atingida pelo Ida é o centro chave da produção de petróleo da nossa nação e da infraestrutura de refinação», salientou Biden, prometendo utilizar as reservas estratégicas de gás para manter o combustível a fluir nas bombas.

Entretanto, outros notam que, a longo prazo, a preocupação terá mesmo de ser diminuir a dependência deste género de combustíveis fósseis, para evitar o aumento da frequência de catástrofes naturais deste género.