Costa ataca Galp. Empresa não reage e trabalhadores “estupefactos”

Primeiro-ministro prometeu dar uma “lição exemplar” à Galp devido à “insensibilidade” que demonstrou no processo de encerramento da refinaria de Matosinhos.

António Costa prometeu dar uma “lição exemplar” à Galp devido à “insensibilidade” que demonstrou no processo de encerramento da refinaria de Matosinhos. A petrolífera não quis comentar, já  trabalhadores viram com “estupefação” as declarações do primeiro-ministro. 

Em causa está o encerramento da unidade – em que o Estado detém uma participação da empresa – em abril, e que representa perdas de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em Matosinhos e de 1% na Área Metropolitana do Porto, de acordo com um estudo encomendado pela Câmara Municipal de Matosinhos à Universidade do Porto para avaliar os impactos socioeconómicos do seu fecho. 

A Galp garantiu que “não tem comentários sobre as declarações do senhor primeiro-ministro”. Já o coordenador da CT da empresa da empresa afirmou: “Vemos [as declarações de António Costa] com um misto de estupefação, de indignação e esperança ao mesmo tempo. Estupefação e indignação porque, efetivamente, passaram oito meses desde que nós dizemos que o primeiro-ministro devia pronunciar-se, devia assumir uma posição em defesa da refinaria do Porto e dos postos de trabalho que ali foram destruídos, e esperança no sentido de que mais vale tarde do que nunca”, disse o Hélder Guerreiro à Lusa.

No domingo, numa ação de campanha para as eleições autárquicas, em Matosinhos, António Costa considerou que “era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade” como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma “lição exemplar” à empresa. “Era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade, tanta irresponsabilidade, tanta falta de solidariedade como aquela que a Galp deu provas aqui em Matosinhos”, apontou.

E foi mais longe ao apontar três dimensões que testemunham a irresponsabilidade e a insensibilidade da empresa. “A Galp começou por revelar total insensibilidade social ao escolher o dia 20 de dezembro, a cinco dias do Natal, para anunciar aos seus 1600 trabalhadores que iria encerrar a refinaria de Matosinhos”, ao mesmo tempo, mostrou “total irresponsabilidade social” porque, contrariamente “ao que estão a fazer as empresas que estão agora a encerrar as suas centrais a carvão”, não preparou “minimamente a requalificação e as novas oportunidades de trabalho e de prosseguir a vida para os trabalhadores que iriam perder os seus postos de trabalho”.

E, em terceiro lugar, não revelou a menor consciência de responsabilidade que qualquer empresa – e em particular uma empresa daquela dimensão – tem para com o território onde está instalada, onde deixa um enorme passivo ambiental de solos contaminados, não dialogando previamente com a Câmara nem com o Estado sobre o que é que pretende fazer depois de encerrar aquela refinaria aqui em Matosinhos”.