Lava de La Cumbre Vieja atinge o oceano

Especialistas temem que o contacto da lava com o oceano possa causar gases tóxicos e pedem à população para permanecer em casa.

A lava que está a ser expelida da erupção vulcânica de La Cumbre Vieja, em La Palma, desde o dia 19 de setembro, chegou esta quarta-feira ao mar numa zona de penhascos na costa de Tazacorte. Esta situação levou os especialistas a temerem a origem de uma nuvem de gases tóxicos. Este fenómeno acontece quando o magma, que está a temperaturas superiores a 1000 graus, entra em contacto com a água que se encontra a uma temperatura média de 23 graus.

“A lava chegou ao mar de Playa Nueva”, informou o Instituto Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca), no Twitter.

Esta situação levou o arquipélago espanhol de La Palma a declarar como zona de exclusão o local onde era esperado que o fluxo vulcânico fosse passar e pediu aos cidadãos para permanecerem em casa de forma a evitar a inalação dos gases. “Existe a possibilidade que possa existir um pequeno choque quando o magma atingir a água do mar que pode provocar vapores que podem ser tóxicos”, disse o diretor técnico do Pevolca, Miguel Angel Morcuende. “Quando a lava chegar ao oceano, a quarentena deve ser observada com grande atenção”.

“A inalação ou o contacto com os gases ácidos e os líquidos podes causar irritação da pele, dos olhos e do canal respiratório, podendo ainda causar dificuldades respiratórias, especialmente a quem já tenha doenças respiratórias pré-existentes”, avisou a Involcan.

Além dos receios com a libertação dos gases tóxicos, os peritos temem também que o contacto com a água do mar possa causar explosões e que os fragmentos sejam expelidos como se tratasse de disparos de armas de fogo.

 

Ajudas financeiras

Apesar de ainda não terem sido registados vítimas mortais ou feridos, este desastre natural na ilha já devorou mais de 268 hectares e destruiu infraestruturas como estradas e cerca de 656 edifícios, segundo dados partilhados pelo Programa de Observação da Terra da União Europeia, Copernicus, e obrigou o Governo regional a declarar estado de desastre natural e a evacuar mais de seis mil pessoas.

De forma a minimizar as dificuldades que foram criadas nesta região, o Governo libertou cerca de 10,5 milhões de euros para auxiliar as vítimas da erupção. A ideia é ajudar as pessoas afetadas a comprar casas novas, após as suas habitações terem sido engolidas pelas chamas, assim como bem essenciais para a casa.

O líder regional das Canárias, Angel Victor Torres, estima que os fluxos de lava geraram um prejuízo superior a 400 milhões de euros, com a destruição de estradas e propriedades. Eventualmente, quando o desastre natural acalmar, o Governo irá garantir fundos para reconstruir as infraestruturas públicas.

A erupção do vulcão pode vir a trazer graves problemas financeiros à ilha. As principais fontes de rendimento são as plantações de bananas e o turismo, no entanto, desastre natural afetou diretamente estas atividades.

A lava queimou os terrenos das plantações do fruto e o fumo gerou colunas de fumo gigantes que impossibilitam o tráfego aéreo impossibilitando a chegada de visitantes à ilha. O aeroporto foi encerrado no passado fim de semana e, apesar de já ter sido reaberto, ainda não existe uma data para quando os voos possam ser retomados. As últimas duas erupções em La Palma, nos anos de 1949 e 1971, fizeram um total de três mortes, duas delas devido à inalação de gases tóxicos.