Câmara da Póvoa do Varzim aceita acordo com estilista norte-americana que copiou camisola poveira

A autarquia aceitou os termos de um acordo extrajudicial depois de o Estado Português ter interposto uma ação num tribunal da cidade Nova Iorque para combater a “apropriação abusiva” da camisola, que estava a ser copiada e vendida no site da estilista por 695 euros. O caso ganhou voz quando foi denunciado nas redes sociais em…

A Câmara da Póvoa de Varzim e a estilista norte-americana Tony Burch já chegaram a um acordo em relação ao caso polémico da camisola poveira. A autarquia aceitou os termos de um acordo extrajudicial depois de o Estado Português, através do Ministério da Cultura, ter interposto uma ação num tribunal da cidade Nova Iorque para combater a "apropriação abusiva" da camisola, que estava a ser copiada e vendida pela estilista. 

"A ministra da Cultura endereçou-nos uma proposta de acordo para resolução deste conflito. Dei à nota à Câmara Municipal, que concordou com os termos do acordo e decidiu aceitá-lo. Demos conhecimento dessa posição ao ministério da Cultura", explicou Aires Pereira, presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, no anúncio, divulgado esta quarta-feira. 

Por enquanto, os termos do acordo serão confidenciais, indicou o autarca, acrescentando que aceitaram "o acordo possível". Ainda assim, Aires Pereira prometeu que "todos saberão os contornos do mesmo" a seu tempo. 

O caso remonta para março deste ano, quando a estilista Tony Burch lançou uma coleção de roupa, na qual estava uma cópia da tradicional camisola poveira, uma peça de vestuário típica da comunidade piscatória local. A camisola foi promovida pela designer como uma peça de inspiração mexicana. 

A situação ganhou maiores proporções depois de os internautas terem denunciado nas redes sociais a cópia da peça, que estava à venda no site da marca, por 695 euros, estando rotulado como um design original.  

Na altura, a fotografia da peça e as páginas da marca nas redes sociais encheram-se de comentários de portugueses a criticar, em inglês, a marca. "Devia ter vergonha! Vender algo que faz parte da cultura de um país e dizer que é de outro? Por esse valor?", pode ler-se no Facebook. "Sem integridade! Sem respeito por uma herança cultural", lia-se nos comentários, escritos em português ou até mesmo em inglês, através de uma mensagem comum que se foi repetindo por várias pessoas: "Ms.Tory Burch, you are stealing! This is an old fisherman's traditional sweater from Portugal (Póvoa de Varzim). Dear costumers, If you like it, please buy from the original local producers. These 695€ should go entirely for them".

Mais tarde, a Câmara da Póvoa de Varzim reagiu ao sucedido, chegando aos olhares mais altos do Ministério da Cultura, que tomou a decisão de apresentar uma açõa judicial, nos Estados Unidos da América, para a "reparação dos danos para a cultura portuguesa e da Póvoa de Varzim".

A estilista ainda assumiu o erro que tinha cometido, ao ter "atribuído erroneamente uma camisola da coleção primavera 2021 como inspirada em Baja – México e não ter feito referência às bonitas e tradicionais camisolas de pescador tão representativas da cidade de Póvoa de Varzim", escreveu Tony Burch numa publicação na rede social Twitter, pedindo "sinceras desculpas aos portugueses" e ainda avisando que já estaria a "trabalhar em conjunto com a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim de forma a encontrar as melhores soluções para apoiar os artesãos locais".