COP26. Primeira conclusão pede para “arregaçar as mangas”

Foi anunciada uma primeira conclusão das negociações da COP26, onde é pedido uma maior colaboração dos países para cumprir os objetivos de redução de gases de efeito de estufa.

Uma primeira conclusão das negociações da 26ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), a decorrer em Glasgow, anunciada na noite de terça-feira, refere que os países precisam de fortalecer o seu objetivo de diminuição de gases de efeito estufa até 2030, com uma diminuição clara sentida já no próximo ano, como forma de mostrar que estão comprometidos com os objetivos estabelecidos nos acordos de Paris de 2015. 

Este texto, publicado pelo presidente da COP26, Alok Sharma, alerta todos os países a aumentar os seus compromissos a curto-prazo até 2022 e pede para que seja feita uma reunião de alto-nível entre ministros de todos os países com o objetivo de aumentar as ambições deste plano, que deve começar já no próximo ano. 

“A nossa tarefa coletiva amanhã [quinta-feira] será identificar o maior denominador comum entre as partes”, reforçou o presidente da cimeira do clima da ONU.

Entre as propostas concretas enunciadas nesta primeira conclusão estão a necessidade de reduzir as emissões em 45% até 2030 em relação aos níveis de 2010, atingir “neutralidade carbónica líquida” em meados do século e acelerar “a eliminação do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis”, apesar de não ser feita uma referência explícita ao fim do uso de petróleo e gás.

O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, defendeu que “a retórica na sala tem que levar a ação imediata e concreta em adaptação” e declarou que está na altura de trabalhar “de mangas arregaçadas”.

Meta não cumprida O primeiro rascunho deste texto levanta algumas preocupações, afirmando que o mundo já está a sentir os efeitos das alterações climáticas, sendo ainda anunciado “com pesar” que os países não cumpriram a sua promessa de fornecer 100 mil milhões de dólares por ano em ajuda financeira até 2020 para ajudar as nações pobres com o aquecimento global.
“Todos os países desenvolvidos como a União Europeia e os seus membros têm uma responsabilidade clara”, afirmou Timmersmans, acrescentando que é necessário que “todos os que ainda não aumentaram os compromissos em financiamento climático para adaptação” o façam.
“Nos três últimos dias, quase 800 milhões de dólares foram angariados para financiamento à adaptação em benefício dos países menos desenvolvidos mais vulneráveis”, apontou, acrescentando que “mais de três quartos vieram da Europa”.

Promessas brasileiras Apesar de Jair Bolsonaro não estar presente na COP26, o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, garantiu que o país irá eliminar o desflorestamento ilegal até 2028 e também se comprometeu a reduzir em 50% a emissão de gases com efeito de estufa até 2030.

“Deixamos claro que o Brasil é parte da solução para enfrentar o desafio global de redução de emissões. O Brasil é um gigante da natureza. Nossa agricultura de baixo carbono já restaurou quase 20 milhões de hectares de pastagens degradadas”, afirmou o ministro do Meio Ambiente, acrescentando ainda que até 16 milhões de hectares de florestas nativas estão em processo de recuperação.

No entanto, estas declarações não são corroboradas pelos dados oferecidos pelo Instituto de Pesquisas Espaciais, órgão governamental que monitoriza o bioma através de satélites, uma vez que, até dia 29 de outubro, a Amazónia brasileira teve uma área de 796 quilómetros quadrados sob alerta de desflorestamento. Mesmo com o dado parcial, a área já é a segunda maior para o mês desde que a monitorização começou em 2015.