20 anos de Harry Potter. Para onde é que a vassoura voadora levou os pequenos feiticeiros?

Já se passaram 20 anos desde que os pequenos feiticeiros, Harry, Hermione e Ron, trouxeram um bocadinho de magia à nossa vida. Mas para onde é que a vassoura voadora os levou? O elenco vai voltar a reunir-se num episódio especial da HBO Max.

Depois de oito filmes onde Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint deram vida aos jovens feiticeiros Harry Potter, Hermione Granger e Ron Weasley, tornando-se um ícone para todos os fãs, depois de uma viagem mágica pelo universo da feitiçaria desde 2001 até 2011, um dos diretores da saga baseada na série de livros homónima da escritora J. K. Rowling, admite ter vontade de voltar a ‘Hogwarts’ e precisamente com os mesmos atores, agora mais velhos. 

Chris Columbus realizou dois filmes da série Harry Potter, o primeiro Harry Potter e a Pedra Filosofal, em 2001, e Harry Potter e a Câmara dos Segredos, no ano seguinte. Mas, apesar de se terem passado mais seis, com a direção de Alfonso Cuarón, Mike Newell e David Yates, o diretor revelou, numa entrevista à revista americana Variety que gostava de voltar a fazer outro filme com uma história que se passaria 19 anos depois do último lançamento.

«Adorava realizar ‘The Cursed Child’», admitiu Columbus. «É uma ótima peça e os atores têm na verdade a idade certa para interpretar esses papéis. É uma pequena fantasia minha», explicou o realizador. A peça de que Columbus fala, e que gostava de transpor para o cinema, foi escrita por Jack Thorne, JK Rowling e John Tiffany em 2016. Passa-se 19 anos depois do último filme, Harry Potter e os Talismãs da Morte. Este último filme da saga ganhou seis prémios Tonys em 2018, incluindo o de Melhor Peça de Teatro. Nesse ano mesmo ano, bateu o recorde de venda de bilhetes numa semana. A peça estava dividida em duas partes e vai retomar à Broadway numa versão simplificada.

Ainda que um novo filme não esteja para já em cima da mesa – sobretudo porque em 2011, no filme Harry Potter e os Talismãs da Morte, a produção envelheceu os atores de forma a parecerem mais velhos, algo que foi ridicularizado pelos fãs – Chris Columbus conseguiu mesmo voltar a reunir Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson, num programa especial para a HBO Max, que será lançado em janeiro de 2022, tal como foi anunciado esta terça-feira. Outros participantes confirmados no episódio, que promete "contar uma encantadora história do making-of através de entrevistas inéditas e aprofundadas e conversas com o elenco”, são Helena Bonham Carter, Robbie Coltrane, Ralph Fiennes, Jason Isaacs, Gary Oldman, Imelda Staunton, Tom Felton, James Phelps, Oliver Phelps, Mark Williams, Bonnie Wright, Alfred Enoch, Matthew Lewis, Evanna Lynch e Ian Hart.

Mas onde foram parar os protagonistas da série que, com apenas 10 e 11 anos, se tornaram num ícone na indústria cinematográfica?

Quanto ganharam os ‘feiticeiros’?

Eram a promessa da sétima arte. O trio de amigos conquistou o coração do público e parecia ter também conquistado o seu «futuro», já que a quantia de dinheiro que receberam, não é habitual para jovens atores. 
Daniel Radcliffe tinha apenas 11 anos quando fez o papel de Harry Potter em 2001, tendo continuado sempre como o centro do enredo da saga. Com todas as aparições feitas nos filmes, o astro ganhou 95,6 milhões de dólares, o equivalente a 82,72 milhões de euros. 

Hermione Granger, a jovem feiticeira interpretada pela atriz Emma Watson, tornou-se uma inspiração para uma geração… A crença nos livros e na amizade, combinada com a bravura e ferocidade que a personagem desenvolve ao longo da série de filmes, fez dela uma heroína para muitos. Watson ganhou aproximadamente 60 milhões de dólares com Harry Potter, o equivalente a 51,91 milhões de euros. 

Por sua vez, Ronald Weasley, o Ron interpretado por Rupert Grint, foi o ator onde mais se viu uma evolução do personagem no universo da feitiçaria, contudo isso não lhe valeu o mesmo sucesso que Watson e Radcliffe. O membro mais ‘desastrado’ do grupo conseguiu aproximadamente 50 milhões de dólares, o equivalente a 43,26 milhões de euros pela sua participação nos oito filmes. 

A vida depois de Harry Potter 

Ser um astro marcado por uma saga pode vir a estragar a carreira de muitos jovens atores que, após o término dos fenómenos, permanecem assombrados pelas outrora personagens. Daniel Radcliffe nunca escondeu o seu receio em não conseguir afastar-se de Harry. Porém, ao que parece, o artista tem conseguido superar isso. Ao longo dos anos, tem conseguido participar em diversos filmes, tendo oportunidade de fazer nascer personagens muito diversificados em diversos géneros cinematográficos.  

O seu primeiro trabalho pós-Harry Potter foi o filme de terror de 2012 A Mulher de Preto, adaptação do romance homónimo de 1983 de Susan Hill. No filme, lançado no dia 3 de fevereiro de 2013, Radcliffe retrata Arthur Kipps, um homem enviado para lidar com os negócios legais de uma mulher misteriosa que havia acabado de morrer, e depois começa a vivenciar acontecimentos estranhos e assombrações de um fantasma de uma mulher vestida de preto. 
No mesmo ano do lançamento do thriller, Radcliffe retratou o poeta norte-americano Allen Ginsberg no filme de drama biográfico Versos de um Crime, dirigido por John Krokidas. Alguns críticos chegaram mesmo a afirmar que Versos de um Crime é uma das suas «melhores atuações», já que a personagem «exige enorme desapego (Ginsberg era gay e há cenas de sexo e nudez) e um conjunto de habilidades que ele ainda não havia demonstrado». Nas comédias românticas, o artista estreou-se em Será Que?, dirigida por Michael Dowseand e escrito por Elan Mastai, baseado no livro de TJ Dawe e Michael Rinaldi, Toothpaste and Cigars. Mais tarde, atuou num filme de fantasia e terror americano dirigido por Alexandre Aja, Amaldiçoado. Ambos os filmes foram lançados no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2013.
Em 2015, Radcliffe estrelou como Igor Straussman no filme fictício de terror Victor Frankenstein, dirigido por Paul McGuigan e escrito por Max Landis, que foi baseado nas adaptações contemporâneas do romance de 1818, Frankenstein, da autora britânica Mary Shelley, tendo também interpretado Sam House, um dos fundadores da Rockstar Games, no drama biográfico The Gamechangers.

Em 2016,  no filme de comédia dramática Um Cadáver Para Sobreviver, Radcliffe abraçou o papel de Manny, um cadáver falante e, no mesmo ano, participou no suspense Mestres da Ilusão 2 como Walter Mabry, ironicamente interpretando «um prodígio tecnológico que odeia magia». O artista participou ainda Na Selva, em 2017, e deu voz a um dos personagens do filme de animação Playmobil: O Filme, entre muitos outros trabalhos. A sua última aparição deu-se no filme interativo Unbreakable Kimmy Schmidt: Kimmy vs the Reverend, da plataforma de streaming Netflix. A produção emprega tecnologia interativa para permitir que o público escolha a sua própria aventura, tendo influência nas decisões tomadas na tela.  

Emma Watson e Rupert Grint 

Emma Watson, por sua vez, continuou a interpretar grandes papéis em filmes como As Vantagens de Ser Invisível, em 2012, baseado no romance homónimo de Stephen Chbosky. O autor do livro e também roteirista e diretor do filme, explicou na altura, que «se fosse retratar verdadeiramente a Sam […] precisaria de alguém que a incorporasse – alguém gentil e generosa como a Emma».

Em fevereiro de 2012, foi anunciado que a jovem atriz assinara contrato para participar em The Bling Ring, de Sofia Coppola, baseado em fatos reais acerca de um grupo de adolescentes que invadiu diversas casas de celebridades entre 2008 e 2009. No mesmo ano, Watson iniciou as negociações para fazer uma aparição em que interpretaria a si mesma na comédia Este é o Fim, que mostra celebridades numa festa no momento em que ocorre o Apocalipse. Ainda nesse ano, a atriz foi escalada para interpretar Ila em Noah, de Darren Aronofsky, com lançamento em março de 2014.
Três anos depois, a artistas protagonizou Bela, no filme da Disney, A Bela e o Monstro, adaptação live-action do filme de animação homónimo de 1991 da Walt Disney Animation Studios. Em 2017, Watson também protagonizou o filme de ficção científica The Circle, ao lado de John Boyega e Tom Hanks.

Em agosto de 2018,  foi também escalada para interpretar Meg March em Pequenas Mulheres dirigido por Greta Gerwig e baseado no romance homónimo de Louisa May Alcott. O filme estreou em 2019. 

Para além do universo cinematográfico, Watson tem ainda outras paixões: é ativista nas causas feministas e ambientais, tendo conquistado, no ano passado, uma cadeira no conselho do Grupo Kering, que encabeça marcas como Gucci, Balenciaga, Bottega Veneta, Saint Laurent e Alexandre McQueen. A atriz tem contribuído com ações envolvendo iniciativas sustentáveis, com o estilo de roupa eco-friendly, é embaixadora das Nações Unidas e foi ela a responsável pelo lançamento do movimento #HeforShe, em defesa dos direitos das mulheres.

Ao contrário dos seus colegas, Rupert Grint caiu na típica sina da «criança estrela» em Hollywood, tendo tido uma extrema dificuldade de se afastar de Ron Weasley e conseguir outros papéis relevantes na indústria, interpretando, por isso, papéis de coadjuvante em produções menores. Depois de Harry Potter, Grint fez parte de produções divertidas, como a série Snatch e a série Sick Note, da Netflix, mas nenhuma dessas produções se comparou com o prestígio alcançado com a série de 2001. Inclusive, parece que o próprio ator teve dificuldades em se afasta do jovem feiticeiro. Em entrevistas recentes, o ator declarou que tem dificuldades de se lembrar da sua vida antes de Harry Potter. Ao The Guardian, o ator revelou que a distinção entre ele e o personagem sempre foi difícil de se fazer. «A linha que me separa do Ron tornou-se cada dia mais fluida, a cada filme que fazia, nós tornávamo-nos a mesma pessoa. Há muito de mim no Ron, e seguir em frente tem sido uma questão constante na minha vida. Não quero dizer que é como sair de uma prisão, mas de fato, parece que estou a sair de uma espécie de instituição», revelou. 

Em 2011 o ator foi chamado para participar no filme Dentro do Branco, baseado em fatos reais ocorridos na Noruega durante a Segunda Guerra Mundial, onde dois grupos inimigos são obrigados a lutarem juntos de maneira a sobreviver contra as condições antagónicas da natureza e do inverno norueguês. O filme foi lançado em 2012. 
Em 2011 Rupert estreou também o videoclip do cantor britânico Ed Sheeran chamado Lego House. Em abril de 2012 o artista foi confirmado juntamente com Chloe Moretz para a cinebiografia intitulada The Drummer, que conta a história de Dennis Wilson, o baterista dos Beach Boys. Rupert interpreta Stan Shapiro, mensageiro da agência de talentos William Morris que se torna amigo e confidente do baterista.

Atualmente o outrora jovem feiticeiro é uma das estrelas da série de terror Servant, disponível na Apple TV+. «Sempre brinquei com a ideia de deixar de representar e ser pai aumentou esse sentimento [Rupert foi pai de uma menina em 2020]. Não me interpretem mal, adoro trabalhar em Servant e sinto-me extremamente confortável no ambiente de televisão», explicou. O artista revelou que, caso abandona-se a representação, gostaria de trabalhar com algo mais manual. «Talvez construção ou marcenaria. Acabei de começar a minha própria produção de miniaturas de cerâmica. «Quando a Wednesday [filha] está a dormir, eu dedico-me a isso».