Não tenham medo!

António Costa parece ter descoberto no debate com Catarina Martins que há no programa do BE pura ideologia. Mas terá mesmo descoberto? 

«Até me aliaria ao diabo para vencer Hitler».

 Churchill, a  explicar o pacto com Estaline  

1. A liberdade  conseguida em Abril e a democracia conquistada  em Novembro permitiriam sermos  aceites na Europa livre e unida.  

O que se gorou foi a esperança  de que essa integração tornaria inócua  a ideologia que continua a impedir o nosso crescimento e prosperidade. Cadáver-adiado, sobrevive à custa de uma Constituição minada, que o PCP impôs e  sacraliza. E por isso – causa das causas – continuámos os últimos.  Ultrapassados mesmo pelos que saíram do ovo da opressão e da miséria. 

2. E hoje? Agora  que António Costa parece ter descoberto no debate com Catarina Martins que há no programa do BE pura ideologia. Lixo ideológico, foi o que percebi. Mas terá mesmo descoberto? É que em vez de se retirar em penitência para cenário mais         relaxante, este  estranho António Costa está a fazer tudo para assegurar o quadro necessário para repetir a receita: entregar ainda mais poder ao lixo ideológico. 

3. A tática é martelar o suposto voto útil – isto é, o voto no PS  (em breve entregue a um sucessor) ou, hipocritamente, no PSD. 

Entendimentos com o Chega são pecado mortal, gritam  (e os partidos engolem a isca, limitando o próprio espaço tático e pensando, erradamente, tirar votos a Ventura). Mas entendimentos com o BE e o PCP são virtude.  Ora, mesmo  que Ventura fosse tão extremista  como Catarina Martins – e não está provado que seja nem eu penso que é* – o entendimento com ele seria, por muitas razões, muito menos perigoso. (E  pelo menos Ventura não não ameaça com um  ódio como a Senhora destila, pior quando tenta sorrir:)

O que mudou no PCP e BE foi a aceitação hipócrita (apenas verbal) da democracia, que desde 1974  nunca pararam de minar, bloquear, tentar destruir. Tal como antes a tentaram impedir. 

4. O voto no Chega e na IL, se não fizer baixar significativamente  a votação no  PSD, libertará o país da assombração coletivista que o continua a ferir e  bloquear. Causa das causas do nosso atraso desde há 50 anos, mesmo com os biliões da Europa. 

Se o Chega  chegar aos 12%, a IL aos 6% e o CDS aos 2%, por exemplo, e  os seus líderes forem lúcidos e patriotas, unir-se-ão  num acordo com condições bem claras, bem pensadas para cada caso e verificáveis. Dando a alguns deles  no Governo  a responsabilidade em que a vocação própria  de cada um  permita  a melhor governação. 

É a hora de dar uma verdadeira oportunidade à liberdade! Não tenhamos medo da mudança. Não adiemos mais o futuro.

*Ventura é  por formação e confessionalmente um PSD natural. Que viu à direita um espaço para aparecer e crescer. Uma direita  que desde o 25 de Abril o PCP e os grupos extremistas depois agrupados no  BE  não deixaram haver e o CDS não pôde ser. Repare-se: ‘Centro [e] Democrático [e] Social. É obra!