UE e EUA cooperam para garantir fornecimento de gás à Europa em caso de invasão russa na Ucrânia

Numa altura de intensas tensões geopolíticas na Ucrânia devido às investidas russas e também de acentuada crise energética, Von der Leyen e Biden comprometeram-se “em trabalhar em estreita colaboração para superar os atuais desafios da segurança do aprovisionamento e dos preços elevados nos mercados energéticos”.

A União Europeia (UE) e os Estados Unidos comprometeram-se esta sexta-feira a cooperar para garantir o “fornecimento contínuo, suficiente e atempado” de gás à Europa em caso de perturbações resultantes de “nova invasão russa” na Ucrânia.

“Os Estados Unidos e a UE estão a trabalhar em conjunto para um fornecimento contínuo, suficiente e atempado de gás natural à União a partir de diversas fontes em todo o mundo para evitar choques de fornecimento, incluindo os que poderiam resultar de uma nova invasão russa da Ucrânia”, referem a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, numa declaração publicada esta sexta-feira.

Numa altura de intensas tensões geopolíticas na Ucrânia devido às investidas russas e também de acentuada crise energética, Von der Leyen e Biden assinalam que “os Estados Unidos são já o maior fornecedor de gás natural liquefeito [GNL] à UE“.

“Estamos a colaborar com governos e operadores de mercado no fornecimento de volumes adicionais de gás natural à Europa a partir de diversas fontes em todo o globo. O GNL, a curto prazo, pode aumentar a segurança do aprovisionamento enquanto continuamos a permitir a transição para emissões líquidas zero”, acrescentam os altos responsáveis.

Von der Leyen e Biden garantem estar “empenhados em trabalhar em estreita colaboração para superar os atuais desafios da segurança do aprovisionamento e dos preços elevados nos mercados energéticos”.

“Comprometemo-nos a intensificar a nossa cooperação energética estratégica para a segurança do aprovisionamento e trabalharemos em conjunto para disponibilizar aos cidadãos e empresas da UE e seus vizinhos fornecimentos de energia fiáveis e a preços acessíveis”, acrescentam.

Afirmam ainda partilhar “o objetivo de garantir a segurança energética da Ucrânia e a integração progressiva da Ucrânia com os mercados de gás e eletricidade da UE”.

Os responsáveis apelam ainda ao apoio dos principais países produtores de energia para garantir que os “mercados mundiais de energia sejam estáveis e bem abastecidos”, dado o próximo Conselho de Energia EUA-UE, agendado para o próximo dia 7 de fevereiro.

A UE está igualmente a procurar no Qatar alternativas para a compra de gás, com o objetivo de reduzir a dependência energética da Rússia, principal fornecedor europeu, que em 2019 era o principal fornecedor de gás à UE (41,1%). Segue-se a Noruega (16,2%), Argélia (7,6%) e o Qatar (5,2%).

A Ucrânia e os países ocidentais acusaram a Rússia de ter enviado pelo menos 100 mil tropas para a fronteira ucraniana, nos últimos meses, com a intenção de invadir novamente o país vizinho, depois de ter anexado a Crimeia, em 2014.

Apesar de ter negado essa intenção, a Rússia disse sentir-se ameaçada pela expansão de 20 anos da NATO ao Leste europeu e pelo apoio ocidental à Ucrânia.