Inteligência

Um indivíduo é tão inteligente quanto a sua capacidade para, sem prejudicar a situação dos demais, se adaptar e moldar ao que de si é requerido, em concordância com o que sente ser o melhor

A definição contemporânea de inteligência não é consensual. Mais acrescento não é simples, nem julgo que demasiado esclarecedora. Como tal, apresento a minha: inteligência é a capacidade de um qualquer indivíduo ser, comunicar e atuar de tal forma que, de cada circunstância, extraía o maior bem-estar para si, a curto, médio e longo prazos.

Quero com isto dizer que um indivíduo é tão inteligente quanto a sua capacidade para, sem prejudicar a situação dos demais, se adaptar e moldar ao que de si é requerido, em concordância com o que sente ser o melhor.

É certo que inteligências parece haver muitas: da espacial, à emocional, passando pelas restantes. Acredito também que, de todas elas, a que maior expressão deveria ter na tomada de decisão, é a forma como nos sentimos. Decidir com o coração é mais útil nas decisões importantes do que decidir com a cabeça, e vou partilhar o porquê.

O ser humano é um sistema complexo e nem sempre a decisão mais lógica é aquela que permite que se durma bem à noite, na proporção em que essa mesma complexidade implica sentimentos e experiências que nos fazem sentir sensações diferentes mediante a vida de cada um. Por esse motivo, por exemplo, para uma determinada pessoa, emigrar pode ser a opção lógica, mas não ser aquela que sente ser a melhor, da mesma forma que para outra ficar no seu país seria o mais lógico, mas sente que se o fizer irá arrepender-se.

Não julgo que seja inteligente da minha parte descorar a racionalidade, uma vez que a mesma cumpre o seu papel. Ainda assim, estou seguro de que esse é o de servir o leitor da informação, oportunidades e ferramentas que o ajudem a tomar uma boa decisão, quando relevante, com a profundidade e paz que se pede.

Uma boa decisão, por essa razão, é aquela que, depois de analisados os prós e contras, é tomada com base na resposta às seguintes questões: «Qual é a decisão que eu quero realmente tomar? Qual delas é mais coerente com o que sou e o que quero para a minha vida? Com qual é que vivo melhor?».

Julgo que seja relevante esclarecer o seguinte: nem sempre a melhor decisão é aquela que nos deixa imediatamente confortáveis. Verdade seja dita, por vezes a melhor decisão leva-nos por caminhos difíceis, desconfortáveis e diferentes daqueles a que estaríamos habituados. Contudo, são também esses que frequentemente nos encarreiram para o sítio e a posição onde queremos realmente estar.

Ser inteligente significa também ter a capacidade para sermos coerentes, não necessariamente com o que definimos, mas sempre com a pessoa que somos, mesmo que implique mudança na sua opinião e forma de estar. Ser inteligente é fazer o melhor que se pode com o pouco que se tem. Fazê-lo a pensar em nós de forma isolada é inteligência. Fazê-lo com um benefício positivo para os que rodeiam o leitor é mestria.