Trigo. Portugal regista uma forte dependência externa

A agência de estatísticas explica que, no ano passado, “apenas 6,3% da utilização interna de trigo (consumo humano, alimentação animal, utilização industrial, etc.) era satisfeita pela produção nacional, o que compara com 59,9% em 1990”. 

Portugal regista uma "forte dependência externa" em relação ao abastecimento deste produto. Os dados foram revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). 

A agência de estatísticas explica que, no ano passado, "apenas 6,3% da utilização interna de trigo (consumo humano, alimentação animal, utilização industrial, etc.) era satisfeita pela produção nacional, o que compara com 59,9% em 1990". 

"Consequentemente, a balança comercial de trigo em Portugal tem sido deficitária. Em 1988 (o primeiro ano da série disponível de informação homogénea), o défice foi cerca de 48 milhões de euros, o valor mais baixo do período, tendo atingido 286 milhões de euros em 2021", pode ler-se. 

Acresce ainda que, no final da década de 80, o principal fornecedor de trigo a Portugal eram os EUA, mas, em 1991, este fornecedor perdeu relevância, dando lugar a países da União Europeia, com destaque para França.

"A Ucrânia e a Rússia têm pesos residuais, respetivamente 0,5% e 0,3%, na estrutura nacional das importações de trigo (média 2012-2021). A suspensão das importações deste cereal com origem nestes países dificilmente poderá afetar o abastecimento interno deste cereal. No entanto, a instabilidade resultante da intervenção militar da Rússia na Ucrânia refletiu-se na cotação internacional do trigo o que, face à dependência externa de Portugal desta commodity, irá muito provavelmente aumentar o desequilíbrio da balança comercial", explica o INE. 

Mantendo-se o consumo interno ao nível de 2021 e "admitindo, como hipótese técnica, que o preço de exportação do trigo no porto de Rouen se manteria, até ao final de 2022, ao nível registado a 18 de maio passado (443€/tonelada), o impacto na balança comercial portuguesa de trigo em 2022 já seria de um agravamento do défice próximo de 60% face a 2021 (considerando os dados já conhecidos do comércio internacional de bens para o 1º trimestre de 2022), correspondente a cerca de 165 milhões de euros (o que representaria perto de 1% de agravamento do défice global, tomando como referência o valor de 2021)".