Futuro assegurado

As novas gerações não precisam de um ATL, mas sim de exemplos que possam modelar e replicar com o seu toque pessoal.

Caso exista um manual de instruções para a vida, este está perdido algures. Por esse motivo, a segunda melhor alternativa é, desde há muito tempo, copiar o que se observa, desde que resulte no fim pretendido.

Ainda que o método seja, em alguns aspetos, limitado, certo é que não só é funcional, como tem proporcionado muitas oportunidades (algumas delas aproveitadas) para se desenvolver e facilitar a vida quotidiana. Fazem-no desde então via identificação de padrões e leis que se repetem indefinidamente no tempo, e que frequentemente acabam sintetizadas em fórmulas e modelos-ferramenta úteis ao nosso dia-a-dia.

Contudo, sou da opinião de que este método funcional tem um ‘q’ de arcaico. Forjado com as mãos a olho nu, é seguramente um instrumento que carece de afinação. Se é verdade hoje que são poucos ou nenhuns os limites do conhecimento disponível às massas, também é verdade que a capacidade de filtro e captação dessa mesma informação não acompanhou o dito ritmo.

Eu reconheço o valor das instituições de ensino e de muitos profissionais relacionados com a educação. A par do anterior, reconheço também a capacidade intrínseca e competências dos jovens deste país, razão pela qual os seus cidadãos são reconhecidos e valorizados como poucas no mundo inteiro. Mais acrescento, reconhecendo que, apesar de funcional, o modelo de aprendizagem atual pode melhorar significativamente.

Não mais faz sentido para mim que, com o acesso facilitado e praticamente gratuito das massas a informação, o foco das instituições de ensino (principalmente as de ensino superior) se encontre na partilha de informação. Julgo que o valor acrescentado, nos tempos que correm, se encontra na qualificação das novas gerações para o uso de ferramentas de trabalho e resolução de problemas, como é o caso do pensamento crítico, de método de aprendizagem e retenção de informação, de comunicação, de gestão e inteligência emocional, entre muitas outras. Ou seja, as mesmas organizações são mais úteis quando ensinam os seus alunos a tratar e usar a informação, em vez de se focarem na sua providência, já que se encontra disponível seja como for.

Muitas são as razões que me levam, e talvez ao leitor, a pensar o mesmo. Algumas das principais, creio, são o jovem poder acompanhar o ritmo de desenvolvimento tecnológico e científico sem dependência de terceiros, a autonomia que daí advém, a adoção do ritmo próprio e do usufruto do livre-arbítrio em pleno, na escolha do percurso profissional que pretende.

Quer-se das referidas instituições a adoção de uma postura mais próxima de mentor, e menos de supervisor e fornecedor. As novas gerações não precisam de um ATL, mas sim de exemplos que possam modelar e replicar com o seu toque pessoal.

Estou seguro de que todos temos naqueles que nos seguem na cadeia etária, um futuro melhor, na medida de indivíduos mais completos, autónomos, conhecedores e capazes, potenciado pelas instituições e organizações com colaboram nessa meta.