TAP. Combustíveis e valorização do dólar penalizam reestruturação

Companhia prevê começar a pagar dividendos ao Estado, único acionista, em 2025, a partir do momento em que começar a ter lucro.

O custo mais elevado do combustível e a valorização do dólar americano são obstáculos que tornam mais difícil a realização do plano de reestruturação. A garantia foi dada pela presidente da comissão executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, onde esteve a ser ouvido na Assembleia da República, na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, por requerimento do PSD e do PS. “Os custos de combustível mais elevados e a valorização do USD são obstáculos que tornam mais difícil a realização do plano”, disse a responsável, acrescentando que os custos estimados com combustível são cerca de 300 milhões de euros superiores ao anteriormente previsto e 200 milhões superior a 2019.

No entanto, garantiu que a sustentabilidade e sobrevivência da TAP são “absolutamente possíveis”, apesar dos desafios. “Não podemos comprometer o futuro a longo prazo para resultados a curto prazo […] Estamos cuidadosamente otimistas”, acrescentou.

Em cima da mesa está o plano de reestruturação da TAP, onde a Comissão Europeia impôs, entre outras medidas, que a companhia aérea não pode pedir apoio financeiro adicional ao Governo durante os próximos 10 anos, que a transportadora fique limitada a uma frota de 99 aviões, que liberte 18 faixas horárias (slots) no aeroporto de Lisboa e que aliene ou feche ativos não essenciais. De acordo com a proposta de Orçamento Estado, o Governo mantém a previsão de injetar este ano até 990 milhões de euros na companhia aérea. 

Pagar dividendos em 2025

Também o presidente do conselho de administração da TAP, Manuel Beja, que esteve a ser ouvido pelos deputados garantiu que a companhia prevê começar a pagar dividendos ao Estado, único acionista, em 2025, a partir do momento em que começar a ter lucro. E garantiu que o pagamento de dividendos é a “forma mais direta de reembolsar o Estado”. 
Uma opinião partilhada por Christine Ourmières-Widener ao referir que a empresa quer pagar aos portugueses “o mais rapidamente possível”.

Recorde-se que, a TAP teve um prejuízo de quase .600 milhões de euros no ano passado, apesar do aumento do número de passageiros transportados e das receitas relativamente ao ano anterior. Já no primeiro trimestre do ano, os prejuízos da TAP S.A. reduziram-se para 121,6 milhões de euros face ao valor negativo de 365,1 milhões de euros obtido em igual período do ano passado.

Reunião na quinta

Christine Ourmières-Widener afirmou também que haverá uma nova reunião com os principais sindicatos representativos dos trabalhadores na quinta-feira, depois dos encontros da semana passada, sobre o plano de reestruturação. Questionada sobre a possibilidade de aliviar os cortes salariais dos trabalhadores disse apenas que, apesar da recuperação da capacidade de voo, a 90% dos níveis de 2019, as contas não estão ainda equilibradas.

“O acordo de emergência [Acordos Temporários de Emergência (ATE)] foi assinado com todos [os sindicatos]. Não podemos imaginar que seis meses depois de assinar os planos vai tudo estar bem”, acrescentou.

Em causa está um comunicado conjunto, enviado em 26 de maio, em que os nove sindicatos pediam uma reunião presencial com a administração da empresa, para decorrer até 03 de junho.