Sindicato defende Magina da Silva após críticas de rutura interna

“Dificilmente ia conseguir resolver tudo se a maior responsabilidade é do Governo”, observa o presidente da Organização Sindical dos Polícias.

Pedro Carmo, presidente da Organização Sindical dos Polícias (OSP/PSP), defende o diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), Manuel Magina da Silva, depois de este ter sido alvo de críticas internas. Ao Diário de Notícias (DN), a Associação Sindical de Profissionais de Polícia (ASPP/PSP) declarou que Magina da Silva “isolou-se no alto do seu poder, deixou de ouvir e aceitar opiniões diferentes da sua e não percebeu o quanto a sua liderança está a arruinar a PSP”.

“O nosso diretor nacional começou a desempenhar o cargo e deu-se o surgimento da pandemia. A gestão de meios é complexa. Foi pedido um esforço acrescido à PSP, tal como a toda a gente, houve muita coisa diferente a acontecer”, começa por clarificar, em declarações ao i, Pedro Carmo, asseverando que “se há sobrecargas horárias e afins, a culpa não é do diretor nacional”.

“Magina da Silva até foi ao Parlamento dizer que se não há candidatos, a culpa não é dele. Se não há atratividade da profissão – não há alojamentos, o ordenado é baixo –, quem coordena isto é o Governo. Tem de resolver o problema. Por exemplo, os supermercados estão espalhados por todo o lado e qualquer pessoa ganha tanto quanto um polícia. Se as pessoas querem ir a casa nas folgas, gastam dinheiro e na terra deles têm casa. A 300, 400km daqui. Mas os polícias não ganham sequer para isso”, sublinha o profissional que diz ter estado com um colega natural do Algarve que espera por uma transferência para aquela zona do país há cinco anos.

“Não há camaratas para todos, é incomportável. O problema da falta de efetivos é um problema do governo desde o tempo do senhor Sócrates. Houve a reclamação de que não havia algemas, havia algemas no armazém e Magina da Silva mandou entregá-las. Até tínhamos bastões obsoletos e hoje em dia temos outros”, observa, adiantando que o superintendente-chefe da PSP “está a arranjar forma de dar formação a toda a gente, a modernizar as forças de segurança”.

“Criou agora um plano anual de formação. Todo o efetivo operacional, uma semana por ano, vai ter técnicas de intervenção, parte teórica, etc. Tem feito alguma coisa pelos polícias e vem publicamente dizer aquilo que está mal. Não venham dizer que ele está errado”, esclarece, denunciando que o Executivo, “por intermédio de protocolos, cria funções que deviam ser de outras pessoas e são empurradas para cima dos polícias. Tiram-se operacionais das ruas, onde são necessários”. 

“É deplorável” “O efetivo não existe porque não há revisão dos vencimentos nem qualquer tipo de incentivo, que hoje em dia se baseia em missões no estrangeiro e carreira de oficiais. Não há nada que consigamos dizer para atrair as pessoas. 800 euros não é um vencimento digno!”, frisa o dirigente. “Acho que tínhamos de reagir a isto. É deplorável. Principalmente, sendo os nossos a falar mal dos nossos”.

“No litoral, ainda se vê pessoas novas, mas no interior não. Por exemplo, a esquadra do Cartaxo tem nove pessoas e cada turno precisa de quatro. Se há três turnos por dia, estão três pessoas em falta”, nota, acrescentando que “as transferências são feitas por uma percentagem igual por todo o lado. Nos comandos do interior, há mais aposentações, mas é difícil haver equilíbrio se não há efetivos”.

“Todos os problemas que são referidos pelo DN, culpabilizando o senhor diretor, existem na PSP há muito tempo. Dificilmente ia conseguir resolver tudo se a maior responsabilidade é do Governo”, constata. “Mais ninguém falou da PSP desde a questão do subsídio de risco: isto não pode ser assim”, conclui, referindo-se ao aumento para 100 euros do subsídio que a PSP e a GNR pediram – e pedem – que ascendesse aos 430 euros.