Universidade de Aveiro suspende professor denunciado por fazer comentários homofóbicos

“Acho que estamos a precisar urgentemente duma ‘inquisição’ que limpe este lixo humano (?) todo!”, foi uma das frases que chocaram os alunos que denunciaram a situação. Já o professor lembra que as suas ações não decorreram no local de trabalho e que a reitoria “não tem que se manifestar sobre rigorosamente nada”.

Universidade de Aveiro suspende professor denunciado por fazer comentários homofóbicos

A Universidade de Aveiro suspendeu, de forma temporária, esta segunda-feira, um professor do departamento de física daquela instituição.

Na origem da suspensão de Paulo Lopes estarão comentários homofóbicos que o docente terá publicado no Facebook, onde criticava a comunidade LGBTQ+. "Acho que estamos a precisar urgentemente duma 'inquisição' que limpe este lixo humano (?) todo!", escreveu o professor universitário.

As polémicas frases do docente já tinham sido denunciadas e condenadas por alunos da Universidade de Aveiro que organizaram uma manifestação.

Na sequência da polémica, foi aberto, na sexta-feira, um processo disciplinar que culminou na suspensão temporária do docente, decisão que foi tomada esta segunda-feira.

"Todos os elementos relevantes para o processo foram reunidos e o processo foi instaurado na sexta-feira passada. O professor foi ainda suspenso, já no âmbito desse processo, para que agora se possam proceder às diligências necessárias com a tranquilidade indispensável", disse o reitor, citado pela agência Lusa.

Paulo Jorge Ferreira falava aos jornalistas em frente à reitoria, e ao mesmo tempo, naquele local, decorria uma manifestação, organizada por alunos, contra o discurso de ódio e discriminação na UA, que reuniu cerca de 200 estudantes universitários, que gritavam frases como: "a nossa luta é todo o dia, contra o racismo, machismo e homofobia" e "presta atenção, homofobia não é opinião".

Questionado pelos jornalistas, o reitor justificou a decisão com "a natureza das declarações e a forma como afetaram o imprescindível ambiente de confiança que deve existir entre um professor e os seus estudantes, o conflito óbvio entre os valores da Universidade e a falta de valores que essas declarações implicam e o impacto sobre a imagem e valores da própria Universidade".

Paulo Jorge Ferreira fez ainda questão de sublinhar a Universidade atuou "o mais rapidamente que era possível atuar, dentro da lei e dos procedimentos disponíveis", garantindo que a UA "rejeita liminarmente qualquer discurso de ódio, qualquer apelo à violência, seja por que motivo for".

Em causa está a publicação de Paulo Lopes a propósito de uma campanha que esclarece o significado de vários termos associados à comunidade LGBTQ+, um ato publicitário que considera ser "uma agressão e merecia umas valentes pedradas nas vitrinas só para aprenderem", lê-se no Facebook pessoal do docente.

Indignados com a posição de Paulo Lopes, vários alunos criaram um grupo na mesma rede social, com vista a denunciar as declarações do docente. "Ação contra o prof. Paulo Lopes" reuniu centenas de seguidores em pouco tempo.

Já o professor, contactado pela agência Lusa, afirmou que a polémica "é artificial" e que advém de uma "reação violenta" da comunidade visada.

"Os ditos 'estudantes' reagiram na qualidade de cidadãos e não de alunos, pois as minhas ações não decorreram no meu local de trabalho que deve ser mantido à margem e nem sequer no âmbito do meu trabalho", afirmou Paulo Lopes, defendendo que a reitoria "não tem que se manifestar sobre rigorosamente nada".

Paulo Lopes insistiu ainda que a publicação que fez foi a título pessoal e espelha a sua opinião pessoal, que "é soberana num estado que é considerado livre e consagrada na Constituição”.

"Naturalmente, haverá quem não goste da minha posição, mas isso faz parte da vida. Eu também não gosto de muitas posições e não faço alarido nem persigo ninguém, limito-me a comentar, como aliás o fiz na minha publicação", citou ainda a agência Lusa.

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