Quando tentam silenciar a intervenção na música

Depois da polémica gerada pelas afirmações do músico português Pedro Abrunhosa contra o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, recordamos mais uma série de casos em que artistas se viram do lado errado da lei depois de se oporem ao sistema vigente.

Nina Simone

Uma das cantoras mais ativas politicamente, Nina Simone dedicou a sua vida a protestar medidas como as leis de Jim Crow, que impunham a segregação racial no sul dos Estados Unidos da América, ou contra a guerra do Vietname, que esta combateu ao não pagar os seus impostos. Este protesto da cantora norte-americana levou a que tivesse de abandonar o país de forma a evitar ser presa. A lendária cantora instalou-se nos Barbados, onde acabou por, alegadamente, ter um caso romântico com o primeiro-ministro deste país, Errol Barrow.

 

Paul Simonom

Anos depois de fazer parte da revolução punk enquanto baixista dos Clash, Paul Simonom continuou a lutar contra o sistema. Em 2011, o inglês esteve a bordo de um navio da Greenpeace a trabalhar enquanto cozinheiro. O ex-baixista foi preso, com outros 18 ativistas, por lançar lanchas contra a plataforma petrolífera, Leiv Eriksson, perto da Groenlândia. Depois de ser libertado, Simonom atuou para os apoiantes da Greenpeace com os Bad and the Queen, composta também por Damon Albarn (Blur e Gorillaz), Tony Allen (baterista do Fela Kuti) e Simon Tong (The Verve)

 

Joan Baez

Em 1967, no designado Verão do Amor, em Oakland, no estado da Califórnia, pelo menos 40 manifestantes contra a Guerra do Vietname foram detidos. Entre os inconformados estava a cantora folk, Joan Baez, que também participou nos protestos junto a um centro de recrutamento militar. Durante a manifestação, um protesto sentado, a cantora norte-americana cantava com a multidão enquanto estes bloqueavam a entrada para o edifício. Joan foi detida em diversas ocasiões e, neste protesto, acabou por ficar na prisão durante dez dias.

 

Pete Seeger

O músico utilizou as suas canções para apoiar causas ao longo da sua carreira, entoando mensagens anti-guerra, sobre o ambiente e de apoio aos direitos civis. Seeger foi preso durante o Macarthismo, movimento político para combater o comunismo nos anos 1950, personificado pelo senador republicano Joseph McCarthy, e foi obrigado a comparecer perante o Comité de Atividades Antiamericanas onde se recusou a nomear outros comunistas. Devido a esta postura, Seeger foi condenado a um ano de prisão.

 

Rage Against the Machine

Uma das bandas que saltam imediatamente ao pensamento quando ouvimos a expressão «protesto» são os Rage Against the Machine. O guitarrista do grupo, Tom Morello, foi detido em diversas ocasiões, nomeadamente, em 2006, enquanto protestava juntamente com mais 400 pessoas em defesa dos direitos dos trabalhadores imigrantes em hotéis. O baixista do grupo, Tim Commerford, também foi preso quando subiu para palco durante os MTV Video Music Awards de 2000, recusando descer uma palmeira falsa, em protesto por os Limp Bizkit terem vencido o prémio de Melhor Vídeo de Rock.

 

Mos Def

Em 2006, o rapper norte-americano Mos Def fez um concerto surpresa junto ao edifício do Radio City Music Hall durante os MTV Video Music Awards. O músico surgiu num camião para cantar o seu rap anti-Bush Katrina Clap, onde critica a forma como o Presidente geriu os manutenção dos estragos provocados pelo furacão Katrina que tinha atingido o estado de Nova Orleães um ano antes. Mos Def foi obrigado a interromper o concerto depois de ter sido detido pelas forças da autoridade juntamente com vários membros do seu grupo.

 

Pussy Riot

A banda russa, Pussy Riot, são umas das maiores «desordeiras» desta seleção de artistas sendo, atualmente, uma das mais ativas, insurgindo-se contra a invasão russa na Ucrânia. O grupo tornou-se famoso depois de terem sido presas em 2012, por terem dançado em frente a uma igreja enquanto cantavam «Mãe de Deus, afaste Putin!», em protesto à reeleição do Presidente russo. As artistas acabaram por ser condenadas por «vandalismo motivado por ódio religioso», mas seriam libertadas no ano seguinte após fazerem greve de fome.

 

Madonna

A Rainha da Pop esteve muito perto de ser presa na Rússia, em 2014, tendo sido ameaçada de ser detida por «promover o comportamento gay» antes de uma série de concertos no país. Apesar da rígida ‘lei de propaganda’ LGBT na Rússia, Madonna seguiu em frente com o seu espetáculo e com as suas ideias originais. Durante uma das atuações, a artista norte-americana afirmou que «não mudou um momento do seu espetáculo». «Oitenta e sete fãs da minha música foram presos por comportamento gay – seja lá o que isso for», disse na altura.