Reino Unido. Edimburgo recebe primeira despedida de Isabel II

No mesmo dia que o corpo da rainha chegou à capital escocesa, a ascensão de Carlos III foi apupada por republicanos. 

Dezenas de milhares de pessoas reuniram-se para dizer adeus a Isabel II, este domingo, saudando o cortejo que levava o seu caixão desde o castelo de Balmoral, onde faleceu, para o palácio de Holyroodhouse, onde ficará durante a noite, antes de seguir para a catedral de St. Giles, na segunda-feira. Contudo, no mesmo dia em que o corpo da monarca chegava à Escócia, o anúncio da ascensão ao trono do seu filho na capital escocesa era alvo de protestos republicanos, com pelo menos dois detidos.

Enquanto dirigentes da casa real proclamavam que Carlos III era rei, vestidos a rigor com tricórnios e cobertos de túnicas com símbolos heráldicos, ouviram-se vaias entre a multidão que se reuniu em redor da Mercat Cross, uma espécie de mistura entre pelourinho com púlpito, no centro de Edimburgo. Houve uma salva de 21 canhões, após entusiásticos “hurras” ao rei, mas também se viram cartazes onde se exigia a “abolição da monarquia”.

É típico que, no dia seguinte ao anuncio da ascensão do rei, em Londres, que foi no sábado, se sigam cerimónias equivalentes em Edimburgo, Cardiff e Belfast, como aconteceu.

Contudo, “as pessoas apupam reis há milhares, por isso é uma antiga e orgulhosa tradição democrática”, justificou ao Guardian, Connor Beaton, um dos ativistas republicanos presentes, quando criticado por fãs da monarquia em Mercat Cross. 

Este defendia que só estava a usar a sua liberdade de expressão, mesmo estando numa multidão esmagadoramente admiradora da realeza britânica e queixando-se das esperadas “semanas e semanas de campanha de propaganda a favor da monarquia“.

Saudades Já em Londres, começava a notar-se um aumento notório nas reservas de quartos de hotel, algo que tem sido associado à vontade de muitos britânicos de prestarem uma última homenagem à rainha, cujo corpo estará num velório aberto ao público por quatro dias, na abadia de Westminster, a partir de 14 de setembro. É esperado que haja capacidade para que dez mil pessoas venham prestar os seus sentimentos por dia. 

Talvez seja por isso que a Travelogde, uma cadeia com quase oitenta hóteis na capital britânica, veja um aumento tão notório na procura. Os funcionários “estão a trabalhar a todo o vapor para se preparar para um período ocupado”, declarou publicamente a empresa do setor hoteleiro. “Não foram só as grandes cadeias que foram afetadas, estabelecimentos mais pequenos em Londres também notaram a dfiferença”, continou.

Por agora, até a rainha chegar a capital celebrações fúnebres continuaram a ter como foco Edimburgo, dado que após a transferência do caixão de Isabel II para a catedral de St. Giles haverá um velório com presença da família real, encabeçada pelo rei Carlos III e pela sua rainha consorte, Camila.