Regime iraniano recorre à força

A fúria latente com o tratamento das mulheres pelo regime alastrou-se. Teerão, que acusa os manifestantes de serem fantoches dos imperialistas, mais uma vez reagiu brutalmente.

Regime iraniano recorre à força

A morte de uma mulher de 22 anos, Mahsa Amini, às mãos da polícia moral iraniana, após ser detida por não usar o véu, trouxe ao de cima a raiva que se acumulara contra o ultraconservadorismo islâmico do regime. Teerão mais uma vez respondeu aos protestos com força bruta, estando aplicações como o WhatsApp ou o Instagram bloqueadas, avançou a Associated Press, sendo que a rede móvel e a internet estão mais lentas, tentando dificultar a coordenação entre manifestantes.

Nos protestos, onde iranianas arriscaram tirar os seus véus em público, algumas queimando-os em seguida, via-se também uma grande percentagem de homens, mostrando como muitos iranianos se insurgem contra as humilhações sofridas pelas suas mães, irmãs e filhas.

As manifestações rapidamente se tornaram violentas, alastrando-se a dezenas de cidades por todo o Irão, havendo vídeos de polícias a usar fogo real contra a multidão. Na sexta-feira, as televisões estatais davam pelo menos 26 mortos nos protestos, mas teme-se que os números reais sejam muito superiores. Nos últimos protestos massivos do Irão, em 2019, devido ao aumento do prelo dos combustíveis,  a estimativa é que tenham sido mortas mais de 1500 pessoas.

Já o regime fez questão de mostrar que, apesar de sempre ter havido resistência às regras draconianas impostas às mulheres desde a Revolução Iraniana, em 1979, também há quem aprecie o status quo. Esta sexta-feira organizaram contraprotestos dos seus apoiantes, em diversas cidades, exigindo a execução dos manifestantes, avançou a Reuters, entoando cânticos contra os Estados Unidos e Israel. O regime tem acusado os manifestantes de não passarem de fantoches de interesses imperialistas. Tendo as forças armadas iranianas explicado, em comunicado, que «estas ações desesperadas são parte de uma estratégia  malévola para enfraquecer o regime islâmico», em comunicado.

Outros discordam. A morte de Amini «trouxe ao de cima um sentimento antigovernamental mais amplo na República Islâmica, especialmente a frustração das mulheres», lia-se num relatório do Eurasia Group. Sendo que a repressão das mulheres se tornou ainda mais notória desde o ano passado, com a eleição como Presidente de Ebrahim Raisi, que sempre foi visto como alinhado com a linha dura do regime iraniano.